E entre as lágrimas da multidão, o herdeiro Carrón saúda “o pai”

Fabrizio Ravelli

Não é um espetáculo que se esquecerá tão fácil, nem a regra do rito consegue conter: a dor do povo que dá adeus ao padre Giussani. Hoje, Milão vestiu a sua roupa mais triste: o frio que enrijece os corpos, a chuva misturada à neve que ensopa as vestes, o céu baixo e carrancudo. Mas eles chegaram aos milhares, vindos até das fortificações de Brianza, onde ele nasceu. Dizem que uns 45 mil vieram prestar-lhe a última homenagem. Fora da Catedral, calcula-se que haja 20 mil pessoas; dentro, talvez outras 10 mil. No centro da praça fronteiriça, as cancelas delimitam um amplo espaço para a passagem do carro fúnebre, e quando o carro negro chega, extingue-se qualquer murmúrio. (...) Milhares de vozes formam um coro só cantando “Povera voce”, o primeiro canto, uma canção de Comunhão e Libertação. Hoje, o dia é deles, do povo de CL: os rapazes que orientam a multidão, que acolhem, famílias inteiras (dos velhos aos adolescentes). (...) Quando sai o caixão, um longuíssimo aplauso o acompanha, primeiro dentro da Catedral, depois fora. Enfim, o carro fúnebre espera dez longos minutos antes de partir. Ninguém se move, o silêncio retornou, e parece que o povo do padre Giussani não o quer deixar partir.

(Fabrizio Ravelli, Jornal La Repubblica, 25 de fevereiro de 2005).