Passos N. 248, Julho 2022

A plenos pulmões

“Eles são a coisa mais viva que já encontrei”, diz Luis de Porto Rico, falando dos amigos que conheceu na faculdade. Esta vida é a experiência dos universitários de Comunhão e Libertação, o CLU, que se espalha pelo mundo pelo despertar do desejo de estar com eles pela proposta que carregam. Neste número reunimos testemunhos de diversas partes do mundo, exemplificando como estes jovens revivem a origem do cristianismo depois de dois mil anos. É uma vida, neles, que emerge em suas relações com seus colegas de classe, ao enfrentarem um exame, quando se envolvem em eleições estudantis ou julgam o que está acontecendo no mundo. Eles aprendem a olhar para si mesmos e para os outros com a mesma estima que receberam, e são uma presença simplesmente pelo modo de viver.

Agora que o semestre está chegando ao fim, as salas de aula estão se esvaziando. No Brasil é um recesso mais breve, mas na Europa é final do ano escolar, pela diferença de calendário, e assim começa o tempo de férias de verão. Porém, mesmo nesta pausa continua a existir o compromisso de todos os tempos, o mais importante de todos, com a vida e com a própria humanidade. É por isso que queremos introduzir esta edição com um trecho das notas de Dom Giussani sobre “o tempo da liberdade”, cujo texto completo você pode encontrar no site de CL.

“Eu entendo o que uma pessoa – jovem ou adulta – realmente quer não pelo trabalho, pelo estudo, ou seja, por aquilo que é obrigada a fazer, pelas conveniências ou pelas necessidades sociais, mas pela maneira como usa o seu tempo livre. Se um jovem ou uma pessoa madura desperdiça o tempo livre, não ama a vida: é bobo. As férias, com efeito, são o tempo clássico em que quase todos se tornam bobos. Ao contrário, as férias são o tempo mais nobre do ano, pois são o momento em que a pessoa se empenha como quiser com o valor que reconhece prevalecer na sua vida, ou então não se empenha de jeito nenhum com nada e então, justamente, é boba.
(...) O valor maior do homem, a virtude, a coragem, a energia do homem, aquilo pelo qual vale a pena viver, está na gratuidade, na capacidade da gratuidade. E a gratuidade está justamente no tempo livre que vem à tona e se afirma de forma surpreendente. A maneira de rezar, a fidelidade à oração, a verdade dos relacionamentos, a dedicação de si, o gosto pelas coisas, a modéstia na forma de usar a realidade, a comoção e a compaixão para com as coisas, tudo isto se vê muito mais nas férias do que durante o ano. De férias, a pessoa é livre e, se é livre, faz o que quer.
Isto quer dizer que as férias são uma coisa importante. Em primeiro lugar, isto implica atenção na escolha da companhia e do lugar, mas sobretudo tem a ver com a maneira como se vive: se as férias não fazem nunca você recordar o que gostaria de recordar mais, se não o tornam melhor para com os outros, mas o tornam mais instintivo, se não o fazem aprender a olhar a natureza com intenção profunda, se não o fazem fazer um sacrifício com alegria, o tempo do repouso não cumpre o seu objetivo. As férias devem ser as mais livres possíveis. O critério das férias é respirar, se possível a plenos pulmões”.