Paraguai. O documento de CL para as eleições

No dia 22 de abril, com 46,5% dos votos, venceu o conservador Mario Abdo Benítez. A comunidade de Comunhão e Libertação pediu a todos os candidatos que tenham bem claro que «o exercício da autoridade tem seu ápice no serviço à comunidade»

A poucos dias das eleições nacionais, nota-se um ambiente de pouca efervescência em comparação com eleições anteriores. Talvez consequência de uma falta de interesse da cidadania no que diz respeito à política? No entanto, os dois principais candidatos à presidência defendem propostas bem diferentes a fim de conquistar eleitores.

Por outro lado, lançam-se na arena política, como nunca antes, inumeráveis personalidades muito conhecidas em seu meio – artistas, celebridades, ativistas sociais, jornalistas, etc. – tentando redespertar aquele interesse que hoje se encontra aparentemente ausente ou adormecido.

Nos últimos anos, a política parece retroceder em face da agressão e da onipresença de outras formas de poder, como a financeira e a midiática. É necessário repropor os direitos da boa política, sua independência, sua capacidade específica de servir ao bem comum, de atuar de maneira a diminuir as desigualdades, promover o bem-estar das famílias com medidas concretas, proporcionar um marco sólido de direitos e deveres – equilibrar uns e outros – e torná-los juridicamente eficazes para todos.

Perante esse cenário, o que procura cada cidadão no ato político, ainda que não milite diretamente num partido ou numa organização social ou política? Persegue o bem comum. E não podemos negar que esta seja uma evidência desde o momento mesmo em que nos associamos a outros homens para erigir uma obra. Dizia o Papa em seu discurso na Praça do Povo de Cesena, no último 1º de outubro: «Esta harmonização dos próprios desejos com os da comunidade realiza o bem comum». Mas, para alcançar essa consciência, cada um deve pôr em jogo sua pessoa e não contentar-se com «olhar da varanda». Tampouco podemos pensar que essa tarefa possa ser delegada.

Pedimos que fique claro aos que vão governar-nos que o exercício da autoridade tem seu ápice no serviço à comunidade. Ao mesmo tempo, esse serviço ao bem comum é responsabilidade de todos, e cabe a cada um de nós – sem exceção – vencer a tentação da indiferença, abrindo bem os olhos e o coração para aprendermos a ver no outro uma pessoa com dignidade, e abrindo bem as mãos para nos aproximarmos dela com respeito e generosidade, vencendo nosso egoísmo e nosso medo do compromisso; prontos para reconhecer que toda e qualquer ideia, por melhor que seja, precisa ser verificada e remodelada confrontando-a com a realidade.

Comunhão e Libertação Paraguai
Abril de 2018