«Basta-te a minha graça».
A mensagem de Julián Carrón aos peregrinos de Macerata-Loreto
37° peregrinação a pé de Macerata a Loreto, 6 de junho de 2015Caríssimos, Cristo é uma presença tão presente que enche de letícia, permitindo viver em qualquer situação. É o que testemunham todos os dias os nossos irmãos perseguidos, nos quais vemos cumprir-se as palavras de Jesus a São Paulo: «“Basta-te a minha graça, porque a força manifesta-se na fraqueza”. (...) Por isso, me comprazo nas fraquezas, nas afrontas, nas necessidades, nas perseguições e nas angústias, por Cristo. Pois quando sou fraco, então é que sou forte» (2Cor 12,9-10). Somos pequenos, conscientes dos nossos limites, das traições quotidianas e da fragilidade de todas as nossas tentativas; mas mais do que tudo, estamos certos de que o Pai nos escolheu tal como somos para que seja ainda mais evidente que a força é só Sua.
No seu amor desmesurado pela nossa vida, Dom Giussani recorda-nos que «sem a ressurreição de Cristo, há apenas uma alternativa: o nada», mas também que «nós nunca pensamos nisto. Por isso, passamos os dias com aquela covardia, com aquela mesquinhez, com aquele descuido, com aquela instintividade obtusa, com aquela distração repugnante em que o eu se desperdiça». Não é uma reprovação, tanto assim que é também Dom Giussani que nos oferece uma ajuda: «Não nos espantemos se nos surpreendermos distraídos por alguns minutos, retomemos a atenção mal nos dermos conta disso».
Nada está excluído da vitória que a Ressurreição de Cristo trouxe à história: por isso nenhum limite, nenhum medo ou incerteza, nenhum mal, nenhuma maldade são tão fortes, a ponto de apagar do nosso olhar aquela Presença. Que pelo menos por uma noite, caminhando para a casa de Maria, domine em cada um de nós a súplica a Cristo para que seja Ele o centro da nossa vida, que seja Ele a sustentar cada passo fazendo-nos experimentar a libertação, qualquer que seja o mal que carregamos conosco. Se cada um permanecer simples de coração, o caminho ajudará a não “petrificar” a fé que vos leva a Loreto. Cada passo, com efeito, é como uma pergunta repetida, sobretudo quando o cansaço se faz sentir: por que vale a pena seguir em frente? É a pergunta que surge em cada fibra do nosso ser em cada despertar: por que ainda vale a pena viver?
Desejo-vos que caminhem tendo nos vossos olhos e no vosso coração o abraço da misericórdia de Cristo que nos chega através do Papa Francisco, que nos reconduz constantemente à estrada para o destino, «e quando nós chegamos, Ele já estava à espera». Por isso o seguimos, para que se torne cada vez mais nosso aquilo que nos aconteceu ao encontrar Jesus. Na gratidão pelo Senhor vivo e presente floresce a gratuidade, graças à qual cada um daria a vida pelo irmão homem que caminha ao seu lado. Quem cede à Sua atratividade e se deixa agarrar por Cristo, torna-se parte do povo nascido da Ressurreição, testemunha de uma modalidade surpreendente de viver as coisas habituais. Torna-se «braços, mãos, pés, mente e coração de uma Igreja em “saída”» (Papa Francisco).
Muitos procuram um significado para viver e só o encontrarão se encontrarem pessoas invadidas por Cristo, que por isso vivem melhor, estão contentes e enfrentam as urgências da vida sem sucumbir às dificuldades. Encontrando-nos na escola ou no trabalho, nas férias ou num quarto de hospital, que as pessoas possam reconhecer que «a igreja é mesmo um lugar comovente de humanidade» (Dom Giussani), a ponto de desejarem viver assim. Boa caminhada, amigos!
Padre Julián Carrón#MacerataLoreto