Pai porque intensamente filho

Na noite do dia 26 de maio faleceu Enzo Piccinini, médico-cirurgião e um dos responsáveis pelo Movimento de Comunhão e Libertação, vítima de um gravíssimo acidente de carro. Em 5 de junho completaria 48 anos. Deixa a esposa Fiorisa e quatro admiráveis filhos: Chiara, Maria, Pietro e Annarita.

No dia 12 de dezembro de 1998, enzo havia falado na presença de oito mil universitários de CL, durante os Exercícios Espirituais de Rímini, Itália. Apresentamos nestas páginas a transcrição desse testemunho, que a mensagem de padre Giussani – enviada a todas as comunidade de CL na Itália e no mundo assim que tomou conhecimento da notícia da morte de Enzo – ilumina com a clareza solar de quem reconhece o rosto bom do Mistério que faz todas as coisas, a todos indicando-o como luz no caminho.
Non nobis Domine, sed nomini Tuo da gloria.
Obrigado, Enzo.


Quando voltava para Modena depois de um dia de trabalho como renomado cirurgião e após ter vindo a Milão para um diálogo com o Centro do CLU, não se sabe como Enzo saiu da estrada, perdendo a vida em um gravíssimo acidente.
É com grande dor que eu peço a todas as comunidades de CL na Itália e no mundo que se reúnam para celebrar uma Santa Missa na qual rezem a Deus para que venhamos a herdar a mesma fé de Enzo.
É certamente a mais forte dor com que Deus põe à prova toda a nossa Fraternidade neste momento, pois Enzo foi um homem que, desde a intuição que teve em um diálogo comigo há 30 anos, disse o seu “sim” a Cristo com uma surpreendente dedicação, inteligente e integral como perspectiva, e tornou a sua vida toda propensa a Cristo e à sua Igreja. A coisa mais impressionante para mim é que a sua adesão a Cristo foi tão totalizante que não havia mais dia em que não procurasse de alguma forma a glória humana de Cristo.
Que pede a nós o mistério de Deus em uma provação de grande sofrimento como esta? Pede-nos que nos lembremos sempre de Cristo como o sentido da vida, em todos os níveis e em todos os campos: “Cristo é tudo em todos”.
Por isso torna-se mais claro para nós, com o tempo, que a salvação, ou seja, a afirmação positiva do ser, implica sempre como condição a cruz: Ave crux spes unica.
Rezemos a Nossa Senhora, ela que, primeira, viveu uma tal provação, para que a esposa Fiorisa e os seus filhos Chiara, Pietro, Maria e Annarita sejam tão verdadeiros como ele.
O nosso Alberto, voltando da América com a alegria de documentar a todos a profundidade do nosso carisma, testemunhada também pela última grande assembléia na ONU, ao sair do avião, o primeiro telefonema que recebeu foi este anúncio tristíssimo por parte de Widmer, e, na contradição inerente à história de todos os homens, pensou: “Cruz e Ressurreição”. Não seria racional a dor, se não fosse redimida na afirmação de Cristo.
Essa, meus amigos, é de qualquer forma a contradição que coisa nenhuma no mundo pode resolver. Só na fé em Cristo está a possibilidade da paz e a alegria que nos dá nEle o mistério da Sua Ressurreição.
Por isso, rezemos também a Enzo, que nos ajude a lembrar de tudo isto, antes que o mundo assalte o nosso coração e lhe destrua toda a positividade e portanto toda a esperança.
Como a amigos lhes escrevo.

Dom Giussani
Milão, 26 de maio de 1999