«Judeus e cristãos no final voltarão a se unir»

Fala o fundador de CL, que há meio século é guia para milhares de jovens. «Libero», pp. 1, 6-7
Renato Farina

O campo está molhado, no bairro tranquilo da periferia de Milão, e a água da chuva evapora ao sol do meio-dia. Hoje monsenhor Luigi Giussani falou o tempo todo do Ser, do Mistério. “O Ser que existe aqui e agora, o Ser-Caridade.” Mas não o Ser dos filósofos: esse também, sem dúvida. Mas, sobretudo, o Ser que são os nossos rostos. Um Mistério familiar. Don Gius (é assim que o chamam familiarmente) deu-lhe um nome que eu não esperava. Não disse Cristo logo de cara, mas “Nossa Senhora”. E depois, a frase profética, dita com absoluta certeza: “Creio que, se não houver antes o fim do mundo, cristãos e judeus possam vir a ser uma coisa só dentro de 60, 70 anos”.

Padre Giussani emagreceu, já lhe é impossível distrair-se do essencial, sua fala é um martelar dos dedos de Chopin ao piano: o homem, Deus, a liberdade, o amor, a beleza. E os nomes das pessoas. Isso basta. Tem a certeza de que cada um de nós tem uma tarefa - “mesmo você que não acredita em nada, meu amigo!”, ele lhe diria - discreta e essencial: sem o nosso trabalho, as mãos do Ser segurariam menos as coisas. “Você não percebe que o seu eu se desfaz quando não mendiga o Ser?”, ele me diz. “O Ser quer nos envolver, toma nas mãos o nosso marasmo, como a mãe ouve a voz da criança, e nos comunica a si mesmo”. Sem isso, dito por um velho de olhos verdes como águas luzentes, a vida seria muito menos vida. Ele repete: “Sem Cristo as coisas virariam pó, o eu estaria perdido. No entanto...”. O bom vinho, o pão cheiroso, saboreado lentamente (“Depois da poesia e da música, o gosto pela beleza se exerce nos homens na comida e no vinho”, diz inesperadamente). Tento aqui transcrever as notas não tão firmes de um encontro pessoal que não tinha a intenção de ser uma entrevista. Vão me desculpar a recorrência de maiúsculas e minúsculas: não entendo nada disso, mas mesmo com “e” minúsculo o ser é tudo, você, que lê, é tudo. A palavra caridade volta muitas vezes. Como alguém pode se indispor com a fumaça de incenso, pense que a caridade se parece com o amor, é o nome cristão do amor.

Padre Luigi Giussani, quase 80 anos, é a personalidade religiosa italiana mais conhecida no mundo, bem além dos limites de Comunhão e Libertação, que ele fundou em 1954. Seus livros tiveram um sucesso estrondoso nos Estados Unidos, onde CL já se espalhou por todos os cantos. Nestes dias (na semana de 18 a 24 de agosto; ndt.), está em andamento o Meeting de Rímini dedicado a “O sentimento das coisas, a contemplação da beleza”.

O que o senhor tem estudado e pensado, padre Giussani?
Estou me dando conta cada dia mais vivamente de que o Ser é Mistério, mistério existente. O ser existente! A situação trágica do homem é que este não o reconhece.

Nós percebemos que existimos. E já é muito.
Se o ser é Mistério, só pode ser reconhecido se for amado. Amado! O que é o amor? Desapegar-se completamente de si para entrar num tu. Assim, você sai de si mesmo e se deixa agarrar por um vórtice no qual começa a entender o Ser. O Ser-Mistério não poderia ser identificado, não o poderíamos reconhecer e a ele aderir se não se revelasse como Caridade.

Mistério, amor, hoje são palavras que encontramos nos jornais, nas barbearias: já não têm sabor algum.
Sei disso. Mas resta um instinto ainda não destruído nas pessoas, graças ao qual as palavras voltam a ter espessura. Para comunicar o que eu disse, é preciso ter uma postura de espírito que surpreenda a todos, cuja responsabilidade reconduza novamente ao verdadeiro ponto onde tudo começa.

Em outras palavras, se li bem seus livros, é a experiência: sem experiência não se conhece e não se comunica.
E a experiência, ou é experiência do amor ou não é experiência. Além do mais, o Ser é Caridade. O Mistério que nos faz existir, que nos cerca, que suscita nossas perguntas e nossos desejos, e se propõe de todos os lados, é Caridade. Deus se suporta por isso...

Muitos, porém, não o suportam.
Não era isso que eu pretendia dizer. O que queria dizer é que Deus suporta a si mesmo porque é Caridade. Por isso o Ser aceita a si mesmo, porque é Caridade. Não carrega dentro de si a morte e a contenda: é Caridade para consigo mesmo e para com os outros, para com tudo e com todos. Sendo Amor, se aceita e se propõe.

Permita-me dizer: isso é incrível. O mundo inteiro está pegando fogo. O senhor sabe disso, tem o jornal nas mãos, mas diz: o Mistério nos cerca e é Caridade, que, afinal, é o nome que a Bíblia dá para o Amor (ou estou enganado?).
É isso mesmo. E cabe aos homens reconhecer e imitar esse Mistério. Esse é o ponto dramático do nosso tempo. E é o que os taleban - os fundamentalistas islâmicos - nunca entenderão: a identificação entre a percepção do Ser e o Amor. Essa é a diferença, e é a grande partida que pode decidir de um modo ou de outro o futuro. Fico comovido por saber que no Cazaquistão, a poucos quilômetros da guerra no Afeganistão, existem presenças cristãs de amigos meus que reconhecem esse Mistério-Caridade. Há mais espera desse Mistério-Caridade entre os pobres, seja qual for a confissão a que aderem por tradição ou por escolha, do que entre aqueles que pensam ter compreendido e medido definitivamente o Mistério, sejam eles católicos ou não.

O senhor é duro com os líderes da cristandade.
O Papa é comovente, na percepção clara que tem da tragédia dos dias de hoje e no espírito inquieto e indômito com que indica a tarefa. Impressiona-me a absoluta pureza da sua presença no mundo. Basta tê-lo visto em Toronto, ou no México, diante de Nossa Senhora de Guadalupe. Minha alegria foi poder comunicar a ele, no dia mesmo da festa mundial da juventude, que 108 jovens de 22 nações naquele dia se haviam prometido a Cristo na virgindade, fazendo parte dos Memores Domini (associação de direito pontifício que nasceu de CL e é presidida por padre Giussani; ndr.). Mas quem o ouve? Não o ouvem... Mesmo entre os bispos e os padres. Os próprios líderes das comunidades não entendem bem estas coisas, no sentido de romper com seu conformismo de modo a abrir passagem para o futuro: não esperam a plenitude. Não há espera. Isso vale para CL e para fora de CL, para a Igreja e para fora da Igreja. A questão é simples: só se aceita o que existe, o mistério que existe, a realidade do Ser, graças a uma experiência em que a pessoa se tornou objeto de Deus. Você é envolvido num vórtice que acontece agora, e que tem uma história, mas a história recomeça sempre hic et nunc, do contrário não é história, e aí não existe história. Daqui nasce uma civilização. Do contrário, somos completamente varridos.

Esse hic et nunc, o aqui e agora, não é então percebido?
Transmite-se um discurso correto e limpo, algumas regras sobre como ser cristão e homem. Mas, sem amor, sem o reconhecimento do Mistério vivificante, a pessoa se apaga e morre. Nossa esperança, a salvação de Cristo não pode ser algo que lemos e aprendemos a repetir de cor. Um discurso mais ou menos edificante ou moralista: é a isso que o anúncio é reduzido frequentemente. Seria preciso voltar a ferver... Em vez disso, deixa-se o mundo naufragar sem pastor... Não se compreende isto: só é realmente útil aquilo que toca o povo e pelo qual o povo é exaltado. Ou seja, a unidade como sinal visível desse Mistério-Caridade. Esse Mistério tocou e toca hic et nunc (aqui, agora!) um povo, cujos chefes às vezes nem mais se dão conta disso... Do contrário, correriam cheios de ímpeto para mostrar e demonstrar a salvação de Cristo.

Quer dizer que não é apenas uma incapacidade de comunicar?
Não existe mais a fé que se torna princípio interpretativo das coisas. Mesmo fora da comunidade cristã, não se percebe mais a essência do caminho religioso humano. Vivemos o absurdo de que hoje só está autorizado a falar de Israel quem considera óbvio que esse povo, que continua a ser o povo eleito, não pode mais se reunir com os cristãos. Mas é o povo da espera... Os judeus mais sensíveis o sabem: recebi uma mensagem do rabino de Nova York que define Comunhão e Libertação “o resto de Israel”. Creio que, se não houver antes o fim do mundo, cristãos e judeus possam vir a ser uma coisa só dentro de 60, 70 anos.

Isto é inacreditável.
É exatamente este o problema: é como se não se esperasse mais nada. Vislumbro aqui a tarefa dos cristãos. É preciso que percebam esse Mistério-Caridade. Gostaria que fossem consolados e animados pela participação da presença do Papa na história de hoje: seria preciso simplesmente obedecer e ferver de novo, ser arrastado por um vórtice, e no entanto... Não se comunicou ainda a exaltação do indivíduo, a vitória do Mistério, a glória de Cristo diante do que acontece. Mas isso ocorre se existe essa experiência. Por isso quero reconduzir todos a este reconhecimento: o Ser é Mistério. Como é possível afirmar isso? Reconhecendo que existe! Existe! O Mistério existe. Como é possível dizer isso? Pode-se imitar o Mistério, aí está. Imitar o Amor no governo de Si, na Sua dedicação. Encontrar a maneira de dizê-lo, fazer com que estas coisas para nós sejam a perturbação e a paz do nosso eu. O ponto em que o Mistério se recompõe é a voz da criança, a relação com a mãe, a relação com o Mistério que se comunica a nós.

O senhor diz uma coisa só o tempo todo...
Volto sempre a este ponto, e para você parece que repito sempre a mesma coisa: mas é a realidade, é tudo. É dramática a situação do homem diante do Ser. Só se aceita aquilo de que se fez experiência. Mas, se a coisa não é vivida como experiência de amor, a pessoa acaba por ancorar-se a uma visão trágica, por comunicar a cruz sem que isso seja vivificante. Acaba-se por comunicar Cristo e o que dele deriva usando um discurso limpo, mas não santificante, pois, sem um amor, sem ser tomada pelo vórtice que é o Mistério-Caridade, no final a pessoa é estéril. Sem Cristo, não há nada seguro, estaríamos na insegurança absoluta. Ao contrário, com Ele o indivíduo é exaltado. Por isso quero reconduzir tudo a isto: o Ser é Mistério. O Mistério existe. De nossa parte, podemos apenas imitar o Mistério. Falo do Ser como afirmação de uma positividade, da positividade da vida: é caridade.

O catecismo dizia que devemos fazer obras de caridade.
Mas a pessoa não se salva sozinha, pelos propósitos que faz. É um Outro que salva a ela e ao mundo por meio de uma coisa nova que fez nascer na história. O Ser! Tudo floresce do fluxo do Ser!

Mas as pessoas se esquecem disso, apoiam-se na moral, e acabam por traí-la também.
Sem Cristo, a pessoa se sente dispersa em si mesma, inédita, incapaz de focalizar a realidade, incapaz até mesmo de distinguir com clareza qualquer beleza durável. A capacidade dos homens de se enganarem e de se deixarem enganar é grande. É a falácia da aparência. E os cristãos muitas vezes se deliciam com isso, se iludem de que são bons porque entenderam uma vez e fazem referências como se se salvassem pelo discurso e pela coerência. Prefiro muitos que não são cristãos, mas têm consciência do mal e da sua incapacidade de seguir o bem, que mesmo assim apresentam. Por isso, tenho predileção por certos temperamentos que se inquietam no mundo e esperam uma paz que não vem, mais do que por esses católicos que constroem um sistema para repousar em sua suposta fé e suposta caridade. Neles, Cristo é mumificado, e ainda por cima acreditam que o conhecem.

E enquanto isso o mundo está pegando fogo.
Uma destas manhãs, quando lia os jornais, pensava em Bush diante daqueles seus rapazes que enviava ao Afeganistão. Sabe lá como terá se sentido toda vez que recebia notícias dos que morreram. Talvez tenha pensado: “Eles morreram por minha culpa, sou eu que comando o exército. Mas tenho de agir assim contra os taleban para salvar a nação”. Gostaria de dizer a ele: não é você que salva a nação. Quem a salva é Aquele, aquela Realidade, aquele Ser, aquele nível do Ser ao qual você, Bush, diz: eu te reconheço e faço o que posso para salvar a nação, para que este Mistério-Caridade possa ser reconhecido. Essa é a diferença entre Bush, enquanto reconhece pertencer a uma história cristã, e os taleban.

Padre Giussani, o senhor faz oitenta anos em outubro, sua saúde nem sempre o ajuda. Esse mistério deve ser uma coisa grande, se dá serenidade aos velhos quando o cristianismo se dissolve.
Digo o que vejo, estou entusiasmado com aquilo que sou. Deus fez o homem, Cristo fez o homem e a Igreja como desenvolvimento dele. Então é preciso viver como Cristo e viver a alegria pascal. Temos de agradecer ao Espírito pelo que nos fez conhecer: Cristo e a Sua história, e por nos ter chamado a viver todos os aspectos da história como parte da Sua história.

Mas tudo isso é difícil...
Há uma maneira de fazer essas coisas ficarem simples: dizer o que se vê. Deus feito homem, Cristo, e a Igreja desenvolvimento dele. Há um instinto que ainda não está destruído nos homens, existe ainda a razão. Ela permite que não se considere o mal como inelutável, como se a história estivesse obrigatoriamente destinada a ver prevalecer a visão dos taleban ou dos fundamentalistas. Não são inexoráveis as suas vitórias, pois, com a razão, podemos identificar que o que afirmam não é o Mistério, e não corresponde à espera do homem. Este instinto ainda existe e não foi destruído. O ser como caritas! Se você fez experiência disso, mesmo que por um instante, a partir desse momento não pode mais negligenciar esse ponto de vista. Desde que haja quem o lembre a você com a sua companhia.

Qual é o método para uma retomada pública da posição cristã sobre as coisas? Neste momento está acontecendo o Meeting, por exemplo...
A maior preocupação para nós deve ser esta: que, com simplicidade de palavras, a experiência do Mistério volte à multidão, volte ao povo-povo. Que estar no emaranhado humano seja o único ponto de inteligência. Estar ali, como quem diz a qualquer um, seja o que for que esteja fazendo ou dizendo ou escrevendo: “O que você tem a ver com isto?”. É preciso um impulso gerador pelo qual conduzir amigos e inimigos, chamá-los a encontros, até a reuniões, nos quais, porém, não esteja no centro o encontro ou a reunião, mas o homem, armados de uma consciência de que coisa grande e única é o Mistério. Deus como Mistério de caridade, é a única carta que eu gostaria de escrever, às pessoas de CL, a todos.

Qual é o sintoma da falta da experiência cristã?
A fé não opera mais o salto cultural, não diz nada ao sangue que ferve nas veias. Somos os únicos - nós, cristãos - que podemos penetrar culturalmente na multidão, não falo das elites, mas realmente na multidão dispersa, a que liga a televisão, vai à escola e encontra professoras que não se interessam pelos seus alunos. Algo deve reacontecer, do contrário... Nos doze anos de seminário só se falava disso, da fé que a tudo investe: Carducci, Leopardi e Pascoli. Se a pessoa, mesmo apenas um pouco, fez a experiência do mistério de Cristo, o crescimento pessoal será um processo na caridade, por isso ela não pode deixar de se entusiasmar com Leopardi, Dante, Pascoli, com qualquer expressão onde esteja o homem: pois não se pode adorar uma presença - Deus! - sem que se sofra por uma ausência, que você quer preencher, arde em febre por isso.

(Padre Giussani me revela que passa boa parte do tempo “lendo o breviário”) O que o senhor encontra no breviário destes tempos?
Há uma exaltação de Nossa Senhora, é a carnalidade do cristianismo. Ela exprime plenamente a pedagogia de Cristo ao revelar-se. Opõe-se ainda hoje à negação de tudo, ao niilismo que caracteriza o mundo pós-liberal, tão indefeso diante do avanço islâmico. Nossa Senhora é o Mistério.

Mistério, o senhor realmente usa muito essa palavra, mas ela hoje é traduzida em imagens tenebrosas e vagamente esotéricas.
O Mistério não são as trevas, mas o que nos é dado experimentar do Ser. Nossa Senhora remove qualquer equívoco, na sua simplicidade e carnalidade. Como pode o Mistério revelar-se como Mistério? Nossa Senhora! Ela é o ponto culminante da dialética religiosa e filosófica. Se o Destino considera a si mesmo como Mistério, o aspecto humano que nos faz dizer que é misterioso se torna consciência de Nossa Senhora. Pois a primeira coisa que sobressai ao homem no mistério, a primeira possível, a primeira coisa que sobressai física e espiritualmente do fato do Mistério é Nossa Senhora. A característica do Mistério é poder ser compreendido entre os pobres ignorantes. Assim, a obra do Espírito, Criador do universo, é Nossa Senhora. Não o digo por devocionismo, mas porque é assim objetivamente. O Espírito se torna experimentável como Caridade em Nossa Senhora. Gostaria de escrever um artigo sobre Nossa Senhora: qualquer coisa que Ela toca se torna humana e ao mesmo tempo é posta por ela no Mistério. É escandaloso que Nossa Senhora seja o primeiro sinal dessa Presença de Deus. Mas só quem entende isso pode interessar-se realmente pelo divino. Descobrir que Deus se encarnou na Virgem Bem-aventurada faz com que tudo se torne parte dessa descoberta: a primeira página do jornal, o número dos fios de cabelo de quem você ama.

As pessoas que passam por mais inteligentes encontram justamente aqui um obstáculo e não entendem. Dizem: é um resíduo pagão. De boa fé, não o aceitam.
Mas suas mães o entendem! Ao passo que eles se recusam a aceitar a plenitude do que escreveu Dante, “Virgem mãe, filha de teu filho”. A liberdade existe, compreende? E isso me faz explodir de contentamento. Não me espanta o meu limite, é a demonstração mais fantástica da existência de Deus, que se manifesta em negativo, como aquilo que me falta.

O que o Mistério-Caridade tem a ver com a crueldade da Natureza? Para muitos, essa é uma objeção dramática, que lança uma sombra sobre Deus...
Quando sua mãe o tomou nos braços e disse seu nome, ali se manifesta o Mistério. Como pode ser você quem define a sua medida, quem o julga? Era a escolha que se pôs para Abraão diante de Isaac. Dentro do Mistério, até a anchova que o atum come encontra sua redenção. Quem experimentou o abraço de Cristo sabe disso. Quem não, não feche a porta, peça que Deus revele seu rosto.

É hora de ir embora. Ele me olha e diz: “A vocês, jornalistas, peço a consciência de que estão na raiz da conversão do mundo. Experimentem ser os extraordinários provocadores da vida comum dos homens”. Tem nas mãos uma imagem de Rafael, representando um São Paulo pensativo: “Se não entramos no nível de Rafael, se não conseguimos ver os rostos como Rafael, não há experiência do Mistério. Agradeçamos ao Espírito, ou seja, à Fonte do ser, pelo que nos fez conhecer, ou seja, Cristo e a sua história, e por viver até os aspectos diminutos da nossa história como parte da História”. Assovia “La donna è mobile”. Lá fora há um sol belíssimo, as copas das tílias são levadas pelo vento, “o sentimento das coisas, a contemplação da beleza”, não é verdade?