Sirvamos a Cristo neste grande homem

Carta de Dom Giussani às comunidades de CL, depois da audiência concedida por João Paulo II no dia 18 de janeiro de 1979

Caríssimos amigos, como provavelmente vocês já sabem, eu tive o grande dom de poder falar com o Papa, longamente, acerca de nossa vida e daquilo que queremos ser nesta nossa amada Igreja e nesta nossa amada terra. Enquanto estava diante dele, eu me perguntava: Qual razão a minha vida oferece aos olhos do Papa para ele me conceder tudo isto? A razão é a vida de vocês, a vida de todos vocês, meus amigos e companheiros de caminhada, toda a fé de vocês, o seu empenho operoso, a sua generosidade, a sua capacidade de sacrifício. Esse é o motivo verdadeiro pelo qual eu fui recebido. E estava cheio de admiração, de vergonha de mim mesmo, de gratidão ao Papa e a vocês.

Gostaria de resumir-lhes a mensagem ecoada nas preocupações do Papa e em sua postura:

1. Jesus Cristo é a verdade de todo o homem, e a fé é a forma de toda a vida e a sua operosidade.

2. Portanto, não existe de um lado a fé e do outro os interesses, as ocupações da vida, o trabalho. Não. A fé é a fonte do critério para encarar todos os problemas da existência, e é na fé que se deve radicar o nosso comportamento no ambiente, que é como o terreno onde todos os problemas se desenvolvem.

3. Em particular, é necessário que a fé se exprima como cultura. De fato, é a cultura que determina o rosto de um povo, exprimindo sua história. A nossa fé não deve ter “complexos de inferioridade” diante da cultura dominante.

Como vocês veem, é a confirmação daquilo que continuamente ele diz às multidões das quartas-feiras e dos domingos. Sempre nós dissemos que, para verificar a nossa fé e torná-la madura, devemos nos envolver com um acontecimento no qual ela vive, de tal modo que também em nós nasça a vontade, a luz e a coragem para seguir. Este Papa é o acontecimento que Deus suscitou, encarnando nele e exaltando perante os nossos olhos a história de fé e de martírio do povo polonês. A figura humana deste Papa é o fato concreto com o qual nos envolver para olhá-Lo, escutá-Lo e identificarmo-nos com a Sua mentalidade, segui-Lo.

Tão logo eu saí da audiência, no coração de minha alegria provava um sentimento de grande responsabilidade: uma vontade de servir àquele homem com todas as minhas forças e com toda a minha vida. Essa responsabilidade eu queria que nos investisse a todos. Meus amigos, em um mundo onde a fé está tão extraviada e a injustiça é tão grande, vamos sacudir a nossa inércia, arrebentar o nosso egoísmo, derrotando o nosso burguesismo.

Meus amigos, sirvamos a este homem, sirvamos a Cristo neste grande homem com toda a nossa existência.