Adeus ao padre Giussani, que acreditava na Igreja do entusiasmo
Padre Luigi Giussani, o fundador de Comunhão e Libertação, falecido há poucos dias, foi um daqueles personagens extraordinários que a Igreja frequentemente manifesta em sua história milenar. Pregadores, profetas, benfeitores: muito diferentes entre si, mas iguais na capacidade de mover o mundo só com a força da fé e da sua indômita tenacidade. Como dom Bosco, como irmã Teresa de Calcutá. Personagens muito amados e também muito combatidos pela vontade de aço com que levavam adiante, contra tudo e contra todos, os seus projetos. Padre Giussani (ou, com uma abreviação afetuosa, don Gius) não recebeu a púrpura cardinalícia, e só se tornou monsenhor na idade avançada: mas, ao morrer, recebeu recordações e comentários dignos de um Papa, ou melhor, de um santo. Foi saudado inclusive pelos adversários (muitos fora e dentro da Igreja). Nas saudações descobre-se uma observação unânime: quem dele se aproximasse ficava fascinado. Ele era inspirado, poético e, ao mesmo tempo, muito prático, à maneira lombarda. (...) Padre Luigi Giussani ficou sempre distante, ou melhor, acima de qualquer mesquinharia. Em seu espírito conviviam uma inspiração mística e um talento prático. Esse sacerdote de fé intransigente possuía uma cultura ampla e pluralista; seu poeta predileto era o sumo pessimista Giacomo Leopardi.
(Mario Cervi, “Gente”, 10 de março de 2005).