A sede do Banco Mundial em Washington DC.

Padre Aldo e aquele “imprevisto” no Banco Mundial

O missionário italiano visitou a capital americana. Na ocasião, Luisa, que trabalha no Banco Mundial, o convidou para falar diante de seus colegas. O encontro aconteceu de última hora, mas dali nasceram “milagres” inesperados

Foi isso o que, de forma bem simples, aconteceu para mim e meus amigos, por ocasião da visita de Padre Aldo Trento a Washington DC. Para dizer com suas palavras: “a única coisa prevista foi o imprevisto”.
Quando, no final de agosto, soube que ele passaria por Washington, imediatamente pensei que deveríamos convidá-lo para falar no Banco Mundial. Não sabia muito bem como fazer, porque os típicos convidados que costumam intervir aqui são economistas, ministros das finanças, ou técnicos de vários tipos. Porém, quando falei sobre isso com algumas de minhas amigas mais fiéis, decidimos que juntas (as quatro mulheres!) poderíamos pelo menos tentar. Então, começamos a criar algumas redes com nossos colegas do Banco Mundial e do Banco Interamericano de Desenvolvimento e ficamos maravilhados com quantos, mesmo entre aqueles de cargos importantes, ficavam tão impressionados com nossos relatos simples sobre a obra em Assunção, no Paraguai, a ponto de nos pedirem para encontrar o Padre Aldo. A coisa mais inesperada foi quando um colega com quem entramos em contato e que nos disse que o seu grupo trabalhava exatamente sobre a promoção do desenvolvimento em nível de comunidades locais e sociedades civis, e que havia organizado um seminário público para apresentar o “caso” da Fundação San Rafael. Pareceu-me uma grande oportunidade, porque a obra começada por Padre Aldo testemunha que a Igreja, quanto ao que respeita ao desenvolvimento, é, de fato, Mãe e Mestra. Tanto que certos conceitos fundamentais da Doutrina Social da Igreja, evidentes do Centro San Rafael – o papel apenas subsidiário do Estado e as ajudas para o desenvolvimento, a necessária apropriação do próprio desenvolvimento no país destinatário, a responsabilidade do indivíduo para o seu crescimento econômico e humano –, são cada vez mais recorrentes no debate “leigo” sobre o desenvolvimento econômico, e começam também a entrar no Banco Mundial como critérios na administração dos auxílios.
Em suma, não nos parecia verdade que tivesse sido apresentada esta grande ocasião de encontro, até que, dois dias antes, nos disseram que aquele evento público seria cancelado. A razão? Uma acusação da associação dos funcionários gays que havia encontrado declarações do sacerdote sobre a homossexualidade, simples expressões da moral cristã, que não estavam “de acordo” com a política do Banco Mundial sobre a inclusão e a diversidade.
Confesso que por alguns dias eu fiquei dominada pela raiva por esta evidente injustiça e pela frustração por ver todo o nosso trabalho de organização indo para os ares. Porém, quando o Padre Aldo chegou, ele mesmo nos ajudou a julgar estes fatos dizendo que, para ele, não importava encontrar as massas, porque cada homem só é mudado pelo abraço de um outro e isto acontece apenas a partir de uma pessoa. Este juízo, o seu olhar cheio de ternura (“Mas, eu estou aqui para encontrar vocês”) e a amizade nascida com Andrea, a garota que colabora com ele, me trouxeram paz outra vez e, então, pude aproveitar todos os milagres daqueles três dias intensos de encontros e testemunhos, tanto dentro quanto fora do Banco Mundial.
Tenho repensado muito acerca deste ponto fundamental da preferência que, paradoxalmente, não fecha mas abre para uma mudança humana (uma das tantas intuições geniais de Dom Giussani) e sobre como nós nunca acreditamos até o fundo, mas é exatamente ali onde tudo se joga. E entendi porque Padre Aldo não quer falar sobretudo das obras (no sentido dos números, orçamentos e resultados, como eu lhe pedia), mas sempre retorna sobre o tema daqueles encontros fundamentais da sua vida que, desde Dom Giussani em diante, geraram tudo. Fiquei muito grata a ele porque me dei conta de que ele tem razão! De resto, se penso em cada projeto, mesmo no meu trabalho, reconheço que sempre tem um instante no qual tem início aquela confiança ou aquele começo de estima pelo outro (colega, cliente ou colaborador), e é invariavelmente disto que tudo começa a girar e o trabalho começa a dar fruto.
O reacontecer de uma preferência foi também a coisa mais imprevista e mais bonita de todo este período. Penso, por exemplo, no meu colega Jaime, que agora considero um grande amigo, que, desde o início, ficou muito tocado ao ouvir falar da obra de Padre Aldo (“Temos que dar uma atenção especial a este projeto, porque toca o coração”, nos repetia). De fato, falo dele para o seu amigo e colega Pedro, originário do Paraguai, que definiu o Padre Aldo “um herói” e ele, por sua vez, falou do projeto para sua mulher que trabalha no Banco Interamericano de Desenvolvimento e quis encontrar Padre Aldo pessoalmente.
Portanto, exatamente aqui, nos Estados Unidos, no assim chamado “mundo livre”, por um momento me senti esmagada pelo relativismo do poder, mas depois venceram em mim a gratidão e a alegria. Porque sempre é possível recomeçar de alguém, preferido, que se comove.
Luisa, Washington DC (EUA)