Padre Julián Carrón com alguns jovens de Miami.

Até Miami, para estar com Ele

Sara sabe através de uma amiga da Universidade que Carrón vai encontrar seus amigos na Flórida. Decide viajar até lá para segui-lo. "Por três dias a única coisa que tinha feito era seguir aquilo que um Outro estava fazendo diante de meus olhos"

Voltei faz duas semanas mas aqueles três dias em Miami seguindo Carrón não vão se apagar da minha memória. Tudo começou com um telefonema: uma amiga, que conheci no quarto ano do colegial, feito no Exterior, me disse: “Carrón virá encontrar-nos em Miami!” e em minha mente surge o pensamento: “Quero ir com ele. Que dádiva seria poder voltar a um dos lugares mais importantes de minha vida, seguindo-o”. Na quinta-feira seguinte, encontro-a na aula de Teologia, na Universidade e, durante uma pausa, lhe digo: “Soube que vai a Miami! Posso ir com você?”. A resposta é: “Venha! O que a impede?”. Depois de fazer contas, entre dinheiro e responsabilidades, resolvo partir.

Em Miami, quem vem me buscar é o pai da família que me hospedou por um ano e, desde o primeiro momento me maravilha a atenção e a espera com a qual cada um está se preparando para a chegada de Carrón.
“Decidi fazer a assembleia em nossa casa para que Carrón se sinta mais à vontade!” diz José Pedro, dirigindo pela rodovia que sai do aeroporto, “deverão vir cerca de sessenta pessoas de toda a Flórida!”. Na manhã seguinte, logo que acordo, começo imediatamente os preparativos; cada qual tem sua tarefa porque tudo deverá estar perfeito. As pessoas carregam mesas e cadeiras; os quatro rapazes do CLU ajudam com o equipamento de som; as garotas preparam as faixas de acolhida; as mães pensam na comida... Aqui nos sentimos como no dia em que Jesus disse a Zaqueu: “Vou jantar em sua casa”. Às 19 horas está tudo pronto e a casa começa a encher. Não consigo acreditar no que meus olhos veem e continuo a pensar na história daquelas pessoas: quando chegamos ali para estudar, quatro anos antes, a comunidade tinha no máximo quinze pessoas; quando partimos, eram trinta. De onde chegariam 150 para encontrar Carrón? Olhando o que estava acontecendo naquela casa apinhada de gente, cruzo o olhar de Melissa, uma das primeiras que encontrei que me diz: “Isto é um milagre! Quem poderia ter imaginado?” Meia hora depois chega Carrón, direto do seminário de Miami, onde havia dado uma aula; com ele chegam cinco seminaristas que, curiosos com o que se dizia, pediram para acompanha-lo para o jantar! A noite continua. Comemos com ele e depois começa a assembleia. “Quem poderia imaginar que o cristianismo chegaria até sua faculdade?” responde Carrón a uma moça. “Cristo precisa de nosso sim. Para nós parece nada, mas a Presença que está no meio de nós constrói através do nosso sim. Nada está sob nosso controle, mas podemos a cada vez dizer sim”. A prova mais evidente daquilo estava diante de mim: existe Alguém que tem em mente aquela cidade e que continua a encontrar e preferir sempre mais pessoas através de nossas frágeis vidas. Quantas vezes me esqueci daqueles rapazes durante os meus dias? E no entanto, Ele não se esquece nunca e os fez seus para sempre.

A assembleia prossegue e Carrón continua a desafiar cada um: “Qual é a prova de que o cristianismo está, de verdade, acontecendo em nossa vida? Se está em nível de despertar-me, de despertar toda a minha razão. Se me desperta ao ponto que me permite confrontar tudo com a realidade, seja ela qual for! O cristianismo deve ser razoável, não frente aos outros, mas frente a mim mesmo!” Terminado o diálogo, alguns cantos e fotos juntos, parece que ninguém quer ir embora. Uma noite como essa dificilmente será esquecida.

No dia seguinte, volto à escola que havia frequentado por um ano, no Exterior: Saint Brandan High School. Agora é a escola frequentada por todos os jovens italianos que vão a Miami e onde Pepe, um dos Memores Domini, ensina há três anos. Impressionante entrar na aula e sentar-me com aqueles vinte jovenzinhos, todos de uniforme à americana que, faz alguns meses, começaram a fazer a escola de comunidade. Um momento de silêncio e de repente Carrón aperta um a um, querendo conhecer mais sobre eles! “O que você faz aqui? Por que continua a vir?”, dirigindo-se a uma mocinha do primeiro ano. “Venho porque aqui encontrei vários amigos nos quais posso confiar de verdade!”, e outra: “Estando com eles me divirto mais dos que indo às melhores festas! É algo que permanece!”. “Veja”, me diz Carrón saindo, “eles entenderam rápido o principal do cristianismo: há algo de diferente, agora devo descobrir o que é!”. Depois, encontro com os professores e, ao final da tarde, passeio de barca no oceano para observar os arranha-céus e praias de Miami. Uma coisa é evidente para mim: estou seguindo um homem que com Cristo consegue de verdade aproveitar tudo na vida! Tudo se torna interessante porque lhe foi dado: o mar, a praia, aqueles estudantes, aqueles amigos... E, a certo ponto, a única coisa que começo a querer é que tudo possa ser meu e novo assim.

No dia seguinte, é hora de voltar a Milão e saudando Carrón e meus amigos no aeroporto, pela primeira vez me comovo. “Mas por que?”, penso: “Não posso ter me tornado sentimental de repente”. Foi incrível olhar aquilo que estava me acontecendo: por três dias a única coisa que tinha feito era seguir aquilo que um Outro estava fazendo diante de meus olhos e, portanto, redescobrir como as vidas daqueles jovens que tinha encontrado não era eu que salvava. Por isso mesmo que agora lhes queria ainda mais e sofria ainda mais com a distância! Porque Jesus não economiza nada, mas amplifica tudo que sou. Faz-me querer bem e me faz sentir mais que preciso d’Ele para não perder nada daquilo que tenho. Estes foram os meus dias seguindo Carrón “de longe” e, tendo tudo isto diante dos olhos, voltei a viver na Universidade.

Sara