"Vinde e Vede"

Aconteceu em março o Encuentro Madrid com o tema "As forças que mudam a história são as mesmas que mudam o coração do homem". Nas anotações abaixo um testemunho da experiência marcante destes dias

As forças que mudam a história são as mesmas que mudam o coração do homem. Este foi o tema proposto neste ano no Encuentro Madrid. Escrevo sobre estes dias mas são tantas notas no caderno e no coração, que acho impossível resumir tudo em poucas palavras. Mas vou tentar descrever o que vivi e ouvi nestes dias.
Muitos de vocês podem não saber o que é o Encuentro Madrid. Na primeira vez que participei do evento escrevi que para mim era um "parar e caminhar juntos." Hoje eu mantenho e estendo esta afirmação: Encuentro Madrid são pessoas que através da sua experiência, do seu testemunho, do seu trabalho e sacrifício revelam o desejo inscrito em nossos corações: a vocação para construir um mundo novo. Comparando com o brilhante arquiteto Gaudí, ouso dizer que o Encuentro Madrid é um serviço à sociedade, como era a arte de Gaudí: é o resultado da colaboração entre muitas pessoas. Uma colaboração para dar frutos só pode ser baseada no amor. Se Gaudí escreveu poesia com sua arquitetura, o Encuentro Madrid escreve poesia com as palavras, testemunhos, experiências, exposições e apresentações: a poesia que fala da beleza, poesia, liberdade, do amor, do sentido positivo das nossas vidas...pura beleza.
Beleza, mas mergulhada na realidade. Pode ser surpreendente esta declaração: "Cada momento na vida é belo, o verdadeiro problema é a mudança de coração". Tudo é precioso no tempo. Existe beleza na doença. Não há beleza no mundo da dependência das drogas, na pobreza, na perseguição injusta ...? É uma pergunta justa. O cristianismo oferece uma resposta que não nos distancia da realidade, mas nos coloca frente a ela e nos permite conhecer todo o caminho. Não podemos negar que há drama em tudo, mas na Cruz existe Alguém que tem o olhar voltado para nós, de braços abertos para nos abraçar hoje. Você e eu somos seus braços, você e eu somos o seu rosto, você e eu estamos aqui para testemunhar a beleza da graça, da liberdade, dando livremente o que recebemos, porque a verdadeira beleza só transmite uma mensagem ao homem: a vida é boa. E aqui não posso deixar de mencionar a questão que “supervalorizamos o que fazemos e subestimamos o que somos". A beleza e a dignidade da vida e de tudo não depende do que eu sou capaz de fazer, o que eu conseguir, meus sucessos, mas depende do que eu sou. Sou uma pessoa, todos nós somos, em cujo coração está inscrito o desejo de uma plenitude infinita. Doente ou não, pobres ou não, presos ou não, crentes ou não, todos nós temos em comum a nossa singularidade que exige uma resposta positiva ao seu desejo, uma resposta que o homem pode encontrar apenas ao se envolver com a realidade e correndo riscos.
Pode ser que tenhamos sido educados de forma a não estar à altura do nosso desejo e que não nos permitiu descobrir a grandeza e o olhar apaixonado por nós mesmos. Mas o que nos falta hoje é o desejo de que o nosso coração mude e assim possamos mudar a história.
Não podemos parar na análise, temos que fazer um juízo: o meu coração anseia o infinito, o que posso fazer? Você pode ajudar a próxima edição do Encuentro Madrid, mas não precisa esperar mais um ano para começar, como convida estas palavras: "Vinde e vede”.

Lydia, de Valencia