Haiti: uma experiência cativante

Uma haitiana, narra sua experiência como enfermeira e coordenadora do projeto de nutrição CESAL em Cité Militaire, que começou em maio de 2011 e terminará em abril deste ano

Como acontece com todos os projetos de nutrição que têm como principal objetivo prevenir a desnutrição em grupos vulneráveis, especialmente grávidas, mulheres lactantes e crianças menores de cinco anos, nossa atuação em Cité Militaire está sendo uma das mais representativas da região. O trabalho tem um impacto sobre todos os programas ligados a ele: o Programa Ambulatorial Terapêutico (PTA), o Programa de Suplementação Nutricional (PNS), o Ponto de Conselho em Nutrição Infantil (PCNB) e da ampla gama de Atividades Geradoras de Rendimento (AGR, na sigla em Francês).

Minha experiência como coordenadora deste projeto está me marcando muito, apesar de algumas decepções. Nossa equipe é dinâmica e muito altruísta, e é caracterizada pela boa vontade e forte amor pelo trabalho, pelos beneficiários, e particularmente pelas crianças. Tudo isso me permite realizar com leveza e paixão as tarefas que me são confiadas. Algo que ficou gravado e me servirá ao longo de toda minha trajetória profissional trabalhando com comunidades é a sólida confiança que ganhamos dos beneficiários, que nos têm permitido compreender sua realidade cotidiana, que necessidades têm e qual é responsabilidade deles.

Estou vivendo uma experiência muito enriquecedora, cheia de discernimento que está me ajudando não só conhecer e compreender melhor a situação de quem vive na miséria em condições precárias de habitação, mas também de tomar consciência do estado atual da situação nutricional das mulheres e crianças da cidade, e das nossas áreas de intervenção; e está me ajudando também a criar laços estreitos com muitas pessoas.

Na verdade, provei bem o fruto dos esforços realizados pela CESAL e Cáritas. O projeto está prestes a chegar ao fim, mas certamente ainda há trabalho a fazer. Devemos continuar pensando com cuidado nessas pessoas que vivem na pobreza, pois a continuação do nosso trabalho poderia contribuir para o desenvolvimento sustentável do país.

Juliana Clermond