“Serei a mãe certa para ele?”

O testemunho de uma mãe, que fala de como é educada através de seu filho. Carta publicada na edição de Novembro da Revista Passos

Tenho dois filhos: Laura e Fábio, que é um jovem deficiente. Desde o nascimento eu e meu marido tivemos logo a sensação de que alguma coisa estava errada, até a confirmação de que Fábio tinha uma lesão no cérebro. Nunca senti raiva do bom Deus, e isso já é uma graça. O coração me sugeria que o que vem de Deus é sempre coisa boa. Quando fiquei sabendo da sua deficiência, me perguntei qual seria o significado de tudo isso. Mas aí uma pergunta tomou conta de mim: “Serei capaz de ajudar esta criança a crescer? Serei a mãe certa para ele?”. Passam os anos, Fábio cresce, é feliz e sereno, mas necessitado de muita ajuda: tem problemas cognitivos, não caminha direito, e conseguir fazer essas coisas é uma graça posterior. Que meu filho era um bem para mim eu só compreendi fazendo um longo caminho com ele, que me levou a participar de maneira mais ativa da comunidade cristã. Um exemplo: quando eu o acompanhava até a catequese – porque eu estava convencida de que isso era uma coisa boa para ele – percebi que era boa sobretudo para mim, e o seu amor por Jesus, que nasceu a partir daí, contagiou também a mim. Através de Fábio redescobri que a fé é capaz de abraçar qualquer situação, dolorosa ou difícil. Outro exemplo é que através do limite dele descobri também o meu, certamente diferente, mas eu também tenho necessidades. Não é fácil conseguir dizer sempre que o outro é um bem, mesmo quando se trata de um filho, sobretudo num contexto como esse em que vivemos, que frequentemente diz o contrário. Ainda hoje, quando ele já está com 27 anos, ainda me questiono se eu sou a mãe certa para ele, mas estou absolutamente segura de que ele é o filho certo para mim.

Alessandra