Vemos em nós uma mudança

Em Portugal, uma experiência de caritativa na comunidade terapêutica do Vale de Ácor. Instituição que ajuda rapazes a sair dos vícios de toxicodependência e recomeçarem suas vidas na sociedade

Há quase dez anos que faço Caritativa regularmente. Os últimos sete anos no Vale de Ácor.
O tempo tem permitido que descubra a importância da persistência e fidelidade à Caritativa.
Em si mesma é coisa pouca: uma visita mensal, feita em conjunto com o meu marido e outros amigos, para convivermos com os “rapazes” (e algumas “raparigas”) da comunidade terapêutica do Vale de Ácor. Para com eles fazermos uma visita cultural, ou um passeio, ou uma actividade na própria casa.

Mas, ao fim de muitos anos, vemos em nós uma mudança.
Seja porque, perante a fragilidade das vidas dos rapazes, aprendemos a relativizar as nossas próprias dificuldades e preocupações; seja porque percebemos como as nossas vidas estão cheias demais: de coisas, de vaidades, de pretensas seguranças…



Mas não só. Ao ouvirmos o Pe. Pedro Quintela falar-nos do método de recuperação do Vale de Ácor, assente no conhecimento pessoal e na restauração dos laços de confiança com os outros, sentimos que esse é o método de toda a educação, também a dos nossos filhos, sobrinhos, e outros jovens que connosco convivem.
Mas é também o método para o nosso próprio crescimento interior.
Vale aqui a regra de ouro da caridade: quanto mais damos, mais recebemos.

Também por isso começamos por ser um grupo de voluntários que mal se conheciam entre si, para, com o tempo, formarmos uma pequena comunidade.
Reconhecemo-nos, onde quer que nos encontremos, pela amizade entre nós, que nasceu de algo maior do que nós, da presença de Cristo em cada um dos “rapazes” do Vale de Ácor.

Maria da Graça, Lisboa