Universitários. O bem comum vivenciado

João Felipe nos conta como uma simples (e extraordinária) convivência dos universitários acendeu a consciência sobre o bem comum, dando "mais cor e mais sabor à realidade".

Meu nome é João Felipe, sou estudante de Londrina-PR e estou conhecendo o Movimento há pouco tempo. Eu ainda não fui a uma Escola de Comunidade, não tenho companheiros universitários na minha cidade nem experiências com as caritativas ou outras obras e ações do Movimento. Mas conheci pessoas, compartilhei momentos diferentes e vivi coisas inexplicáveis – que tentarei tanto quanto possível explicar aqui.

O mais legal de estar em Campo Grande [bairro na região oeste do Rio de Janeiro] foi o quão rápido tudo aconteceu e o quanto, ao mesmo tempo, o tempo parece ter parado desde que eu encontrei aquelas pessoas que foram para lá. Pelo menos para mim foi tudo tão diferente do meu dia a dia, tudo tão novo, que fiquei em êxtase com a beleza de cada encontro. Tudo para mim foi extraordinário, apesar de absolutamente ordinário. Nada além de coisas simples aconteceram. Foram reuniões, conversas, refeições, águas, sucos, vinhos, cervejas, reflexões, risadas e trocas de olhares e de experiências. Mas tudo isso veio justo em um dia que eu realmente não saberia o que eu faria se não estivesse ali: a véspera das eleições presidenciais mais polarizadas e intolerantes que eu já presenciei nesses meus 27 anos de vida. E eu digo que não saberia o que faria, porque eu realmente estava muito comovido por toda a situação do país – e ainda estou, na verdade –, mas fui pego de surpresa por coisas extremamente positivas nesses dias tensos. Na sexta, a viagem de carro para o RJ com a companhia do pessoal de São Paulo. No sábado, um dia memorável com a equipe do CLU refletindo e vivenciando o que é o Bem Comum. E, por fim, no domingo, mais uma vez carona pra São Paulo com pessoas impressionantes. Enquanto eu ia de Londrina para São Paulo e voltava de São Paulo para Londrina sozinho de ônibus eu vivi momentos de grande preocupação. Mas enquanto estive na companhia dos amigos, foi muito diferente, muito melhor. Um mistério que deixa saudade.

Me impressiona que em um momento delicado para o debate sobre as questões coletivas como o que o nosso país vem passando tenha sido possível reunir universitários de diferentes posicionamentos políticos na véspera da eleição para falar de bem comum e mesmo assim todos tenham saído ilesos moralmente e edificados nessa busca.

A preocupação, reflexão e ação em compromisso com o bem comum representam um desafio imenso à humanidade, isso é um fato. Mas tirar essas duas palavras do discurso (especialmente nas redes sociais) e trazer para a realidade é mais difícil do que parece. Aceitando viver este desafio naquele final de semana, porém, descobri ser um processo viciante ao qual, para mim, houve uma grande correspondência – a que tenho perseguido de lá para cá e que me gerou um movimento interior que tem permeado meus pensamentos e atitudes o tempo todo.

Tenho certeza que o João que voltou não é o mesmo que foi. Aquelas poucas horas de convívio balançam aqui até agora. Balançam de um jeito que eu não estou conseguindo explicar neste texto, mas que desejaria que todos pudessem experimentar. Não porque seja confortável (não é). Mas porque dá mais intensidade, mais cor e mais sabor à realidade.

João Felipe, Londrina

Bracco e alguns dos jovens na Equipe dos Universitários