Pós Coleta/4. «Um gesto que me educa»

Ângela participa intensamente da Coleta e acompanha a coordenação geral da campanha. A cada ano uma nova aprendizagem

Como responsável da Coleta em Brasília e acompanhando algumas cidades de Minas Gerais e Barreiras, na Bahia, a última semana que antecedeu o gesto exigiu grande empenho, não faltando os desafios.

Sexta-feira, nas vésperas, com o coração cheio de gratidão pelos amigos que fazem a Coleta comigo, todo o meu dia de trabalho foi dominado por uma consciência diferente, com alegria, na espera do gesto, mesmo com tantas solicitações onde eu deveria responder. À noite, eu enviei uma mensagem de WhatsApp para os coordenadores de mercado dizendo: “Caríssimos, fiquem atentos para ver como o Mistério vai nos surpreender amanhã; não sabemos com que rosto ele vai se mostrar para nós”.

E Ele se mostrou de várias maneiras: um mercado de uma das cidades que desistiu um dia antes da Coleta, a chuva que caiu em várias cidades do Brasil, alguns voluntários que faltaram. Em Brasília, eu tenho a graça de girar em todos os mercados no dia da Coleta e encontrar as pessoas, de olhá-las no rosto. Foi impressionante! Em nenhum mercado as pessoas estavam desanimadas ou tristes por conta da chuva, pelo contrário, diziam que no decorrer do dia as pessoas iriam chegar. E chegaram mesmo, pois a arrecadação foi surpreendente.

Um fato marcante foi ver um jovem de 20 anos, um ex-aluno, que normalmente não gosta de trabalhar em dia de sábado, ser voluntário. Ele ficou o dia inteiro no mercado. Eu o perguntei: “Você está gostando, feliz em abordar as pessoas?” e ele, sorrindo: “Sim, muito. mas aqui é diferente daquele outro que participamos em agosto; lá as pessoas eram obrigadas a doar o alimento. Aqui as pessoas precisam colocar o coração dentro da ação”. Eu me comovi e olhando para ele, pensei: aqui é você Jesus!

Quase no final do dia, percebi um erro e precisamos recomeçar a contagem. Alguns amigos que estavam por perto me ajudaram e refizemos tudo juntos. Para mim é fundamental o método e a beleza do gesto da Coleta, que entra nos detalhes. Olhei para estes amigos e dei um abraço, agradecendo-lhes pela disponibilidade e pela companhia.

Fazendo a Coleta, sobretudo acompanhando as pessoas, tenho aprendido a paciência, a esperar o tempo do outro, porque Jesus me espera sempre, toma iniciativa constantemente diante de mim, como nos disse o Carrón nos Exercícios da Fraternidade. A Coleta é um gesto de liberdade, me faz livre e me educa a deixar o outro livre. E isso me faz experimentar o que significa que a Coleta é um gesto educativo, que educa em primeiro lugar a mim.

Ângela, Brasília (DF)