No sábado eu participei do Dia Nacional da Coleta de Alimentos. Estou às vésperas das provas mais difíceis da minha faculdade e não foi nada fácil ter a fé de que este tempo dedicado ao voluntariado não "faria falta" lá na frente. Também não foi fácil tentar me aproximar de algumas pessoas para solicitar uma doação em prol das entidades de solidariedade de Londrina e ser ignorado ou ouvir coisas do tipo: "Filhão, eu já ajudo gente demais, tenho 80 funcionários", ou ver um senhor cara a cara com minha colega voluntária amassar o papel com a lista de alimentos possíveis de serem doados e jogar no lixo olhando-a fixamente nos olhos...

Mas, como em muitas outras ocasiões da vida, foi um dia maravilhoso, repleto de muito mais coisas boas que ruins, mas muuuuito mais! Foram inúmeros gestos simples e lindos de humanidade e doação. Toneladas de alimentos arrecadados, crianças que precisam de ajuda agora poderão ser mais bem alimentadas, pessoas que sentem vontade de ajudar puderam sentir-se úteis doando alimentos ou sendo voluntários, amizades foram feitas, entidades que fazem o bem fizeram contatos, o próprio supermercado vendeu mais do que venderia! E a lição que fica: estamos desacostumados a reparar nas coisas boas. Não existe realidade perfeita e ideal, sempre haverá problemas e pessoas difíceis, mas podemos viver com entusiasmo e alegria mesmo em meio a tantos problemas.

E quanto às minhas provas? Nada que umas madrugadas estudando não salvem. Um pouco a menos da minha vida pra levar um pouco mais de vida para quem precisa, uma doação que vale muito a pena. Acho que é isso que Deus quis dizer em Isaías: «Visto que foste precioso aos meus olhos, também foste honrado, e eu te amei, assim dei os homens por ti, e os povos pela tua vida». Eu faço questão de ser um desses "homens" que Deus dá para dar mais vida a quem falta; e para ganhar a fé de quem duvida que Ele existe e está vivo/ressuscitado em quem o segue. E ah, corrigindo, não foi subtraída vida de mim pra dar a quem precisa, me sinto muito mais humano e intensamente vivo hoje! Todo mundo saiu ganhando. Agora vou lá estudar antibióticos!

João Felipe, Londrina (PR)