Foto: Kari Shea/Unsplash

Quando os planos não dão certo

Durante a quarentena, preocupada em "preencher o tempo", Emanuela sente que quanto mais coisas ela faz, mais aumenta o desconforto de não poder sair. Depois, numa situação tão indesejada, se escancara o pedido

Quando comecei a quarentena, estava preocupada em “preencher o tempo”, então organizava meus dias entre limpeza de casa, cozinha, terminar a leitura daquele livro do mês que eu tinha deixado na cabeceira, cursos de trabalho online, etc. Mas, paradoxalmente, quanto mais coisas eu fazia em casa, mais eu sentia uma falta na minha jornada que não era devida só ao fato de não poder sair.

Depois, a situação da Covid na família evolui e apenas eu continuo positiva; então estou forçada a ficar isolada no meu quarto e passa batido para mim também o Dia do Banco Farmacêutico. Esta situação tão indesejada me abre para a questão: «Senhor, para onde me quereis levar por meio desta circunstância? Por que escolhestes logo a mim?»

Daqui muda a forma como fico durante o dia, o modo de levantar de manhã, de fazer as coisas habituais, começo a procurar em cada circunstância por Aquele que está fazendo-a. A consequência disso é que me descubro contente também com as dificuldades e livre de lamentos pelas coisas que não correm de acordo com meus planos. Mas acima de tudo eu me descubro grata pelas pequenas coisas que, de outra forma, eu daria como óbvias: um lindo dia ensolarado, um prato de massa deliciosa preparado pelo meu marido, o amigo que traz doces para casa porque sabe que eu gosto deles e não posso sair e comprá-los.

Todos estes “mimos” me remetem a um Amor maior que investe meus dias e graças a esse Amor percebo que não me falta nada, pois já tenho tudo, mesmo estando fechada em um quarto. Mas o que torna possível tal olhar para o real? Não é meu esforço, mas um lugar, uma companhia humana e o trabalho da Escola de Comunidade que facilita essa comparação contínua com o carisma que torna tudo Acontecimento.

Emanuela, Ancona (Itália)