Macerata-Loreto. «O nosso caminho entregue ao Papa»

A histórica peregrinação será feita de forma especial também este ano, com um gesto ao vivo direto da Santa Casa, no sábado, 12 de junho. Enquanto isso, os protagonistas foram recebidos em audiência pelo Papa Francisco

Na última sexta-feira, o Papa Francisco nos recebeu em audiência privada no palácio apostólico, junto com Dom Giancarlo Vecerrica, bispo emérito da diocese de Fabriano-Matelica e idealizador da peregrinação Macerata-Loreto. A ocasião do encontro era a possibilidade de oferecer-lhe o livro publicado pela Libreria Editrice Vaticana Os telefonemas de Francisco [apenas em italiano], que reúne o texto dos seus já famosos telefonemas ao vivo no início da peregrinação desde o primeiro ano de seu pontificado.

Nos dias anteriores, assim que recebi a notícia de que o Papa nos acolheria, eu me peguei esperando com tremor e cada vez maior consciência por esse momento. Eu me perguntava: o que vamos dizer ao Papa? Ficou logo evidente que não me bastava apenas um incentivo. Eu percebia a urgência de “entregar” a ele este gesto, no qual me vi envolvido quase por acaso e que ao longo dos anos se tornou caro para mim. Fui como um mendicante, tendo na frente dos olhos aquilo que Dom Giussani disse diante de João Paulo II: «O verdadeiro protagonista da história é o mendicante: Cristo mendicante do coração do homem, e o coração do homem mendicante de Cristo». No fundo, eu faço a peregrinação só por isso, para me descobrir mendicante.

A audiência com o Papa Francisco (© Vatican Media)

«Pior do que esta crise, só o drama de desperdiçá-la.» Desafiados pela provocação do Papa Francisco que Pe. Carrón repropôs nos Exercícios da Fraternidade, pedimos ao Papa para sermos ajudados a olhar para a peregrinação no contexto que estamos vivendo. De fato, a crise sanitária é um desafio radical também para uma peregrinação “a pé”, que evidentemente não pode ser feita como manda o costume. Mas é justamente esta circunstância que nos faz descobrir-nos ainda mais necessitados, tornando mais aguda a pergunta sobre o sentido da vida e da morte. Por isso, como no ano passado, pensamos em propor um gesto em Loreto, com a reza de alguns mistérios do Terço. Ele será transmitido ao vivo pela Tv2000 no dia 12 de junho, às 21h [horário italiano] e todos poderão acompanhar com criatividade, junto com os amigos, respeitando as normas sanitárias.

«Quando te vejo, vejo esperança.» Dissemos ao Papa Francisco que o tema da próxima peregrinação descreve uma experiência humaníssima, fácil de surpreender em nós: quando O vemos, quando somos conquistados pelos gestos que Ele faz, nasce a esperança.

O Papa nos repetiu que de uma crise não saímos como antes, mas só podemos sair piores ou melhores, e que quando ouve o refrão da “volta à normalidade” fica incomodado: a pandemia é um desafio à humanidade, e a esperança não está em voltar à “normalidade” de sempre. A normalidade será o que vier depois, de algum modo é como se nós tivéssemos que descobri-la e construí-la. Disse-nos que, para quem tem o prazer de caminhar, isso é mais fácil de entender, pois cada passos nunca é igual ao outros, é sempre novo.

Ao longo da conversa, a memória viajou para aquelas imagens inesquecíveis do gesto por ele proposto em março de 2020, numa Praça São Pedro deserta. Com o olhar naquele momento, ficou mais claro que (na peregrinação, bem como na vida) o problema não é o sucesso, mas que eu seja verdadeiro. Começo a intuir o alcance do desafio que Carrón nos lançou nos Exercícios e o que significa “não desperdiçar” esta crise: atravessar cada circunstância com o prazer de descobrir como Cristo vence.

Ermanno, Loreto