Astana (©Unsplash/simon sun)

Cazaquistão. «Quem é você?»

A viagem de trabalho para Astana e Almaty, o encontro com a comunidade do Movimento. E a surpresa dos colegas diante de Bettina, por seu jeito de ser e suas amizades

Quando estou no exterior a trabalho, procuro pelas pessoas das comunidades locais de CL. Em Doha, Qatar, eu conheci Sara e Chiara. Disse-lhes que estava partindo para o Cazaquistão e perguntei se conheciam alguém por lá. Então recebo o contato de Silvia que me escreve: «Estou enviando o número de Ramziya, que mora em Astana. Escreva para ela!». E assim eu fiz. Ela me respondeu prontamente: «Encontre-me na missa em inglês no domingo na catedral».

Vou até lá de táxi, atravessando uma cidade fria e com muito vento. A igreja é pequena e há muitos fiéis de diferentes origens. No final da missa, ouço: «Aqui está você! Olá, sou Ramziya, venha comigo e iremos jantar». Ela me leva para encontrar muitas pessoas incríveis, seus amigos e do missionário italiano padre Edo Canetta. Dos cazaques, descubro que têm o coração cheio de perguntas e desejo e não têm medo de mostrar isso. Depois do jantar, me acompanham até o hotel.

E chega a segunda-feira. À noite saio para jantar com três pessoas de nossa empresa parceira. Temos uma conversa de negócios, depois falamos de kurt (queijo tradicional dos Cazaques) e por isso pergunto-lhes se conhecem sua história, como a dos Cazaques e das mulheres deportadas nos gulags de Karaganda. Logo as pessoas despertam, falamos sobre a vida, sobre a guerra, eu lhes digo sobre os refugiados ucranianos que com meus colegas e amigos no Movimento ajudamos a acolher na Itália, mas também sobre os queridos amigos que tenho em Moscou.

Aí vem a pergunta: «Mas quem é você? Estivemos juntos o dia todo, você escuta a todos, olha para todos, se interessa, sabe coisas, vem aqui e conhece pessoas que nunca viu e as chama de amigas». Conto sobre a aventura do cristianismo que faz meu coração bater. Por isso digo que lamento não poder ir ver o Papa que visitará Astana justo quando me transfiro para outro compromisso em Almaty. Eles me olham e dois deles dizem: «Sou muçulmano de tradição, não sei nada, mas quero ir à missa do Papa». Eu respondo que as inscrições estão fechadas, mas eu os coloco em contato com Ramziya e parto.

Em Almaty, conheço pela primeira vez minha colega, uma jovem que é super digital e social. Eu trabalho e vejo que ela filma e tira fotos. Almoçamos juntas e, do nada, ela me pergunta: «Mas quem é você?». Olho para ela espantada e ela me mostra seu perfil no Instagram onde ela havia postado vídeos e fotos minhas no trabalho e um grande amigo dela em Astana lhe havia escrito: «Como você conhece Bettina? Ela é minha amiga». Ele era um dos presentes no jantar em Astana.

Minha correspondente fica cheia de perguntas: «Conheço os amigos de Ramziya, trabalhamos juntos, sempre me falaram deste grupo, da Silvia de Almaty, dos acampamentos juntos... Quem são vocês? Por que são assim? Você pode fazer tatuagens e ser cristão? Quero entrar em contato com eles, você pode me dar seus números?».

Acho que o Senhor se diverte muito espalhando as cartas e fazendo com que um simples movimento para encontrar as pessoas se transforme em algo imensamente grande. É a presença clara de Alguém que torna tudo novo.

Bettina, Milão (Itália)