Na audiência com Comunhão e Libertação (Foto: Roberto Masi/Fraternidade de CL)

Do mundo, a viagem a Roma

Chegaram do Brasil, Peru, Porto Rico… Aqui, alguns testemunhos de quem percorreu um longo caminho para estar em Roma com o Papa no dia 15 de outubro. Outros testemunhos foram publicados na Passos de novembro, edição especial sobre a Audiência

BRASIL
Fui participar da Audiência por gratidão a Deus e a Dom Giussani, pelo dom do carisma que recebemos e que salvou a minha vida, me tirando do nada em que eu vivia. Um acontecimento tão atraente e fascinante, que me tomou totalmente a ponto de dar a vida a Cristo, através dos Memores Domini. Quando o Papa chegou na Praça e se sentou à nossa frente, fiquei muito comovida, com os olhos fixos nele e não conseguia me mover. Queria somente ficar ali, olhando para ele. Eu experimentei uma alegria imensa e estava chorando. Mas não era um sentimentalismo, era uma comoção alegre e grata por pertencer a um povo, que tem nome e sobrenome. E esse povo estava diante de Pedro, sinal visível de Cristo presente. Fiz a experiência de ser filha da Igreja, dentro do carisma. É possível fazer a experiência de «voltar só primeiro encontro, voltar à primeira Galileia», como disse o Santo Padre. Também diante do testemunho da Rose e da Hassina, pude experimentar uma familiaridade incrível, me identificando com a experiência delas, e me dei conta que eu e elas somos uma coisa só, filhas de um mesmo pai. Cresceu em mim o desejo de gritar Cristo ao mundo inteiro, o desejo da missão, para que outros possam fazer a experiência de plenitude que eu faço.
Ângela, Brasília

Francamente, ir até a Itália para participar de um encontro e voltar, não era minha primeira ideia de como gastar alguns dias de férias e dinheiro. Mas quando o padre Aurélio, enfaticamente, nos alertou sobre a beleza e importância de reunirmo-nos em torno de Pedro manifestando nossa unidade e gratidão pelo carisma recebido por Dom Giussani, decidi ir. Graças a Deus!! Foi, provavelmente, o encontro mais bonito da minha vida! Dar-me conta de como e quantas vezes Cristo cuidou de mim, particularmente, nesses 43 anos de Movimento, me deixou sem palavras! Ali, rodeada e precedida por tantos mártires e santos, eu havia sido escolhida para viver um método cuja inteligência e humanidade me trouxeram um cristianismo capaz de enfrentar, sem medo, as dores que Deus nos pede de viver, bem como experimentar uma alegria profunda e cheia de significado. Um cristianismo não formal, sempre novo e capaz de responder à vida! O carisma de Dom Giussani me trouxe para o coração da Igreja quando eu já não mais reconhecia seu valor e a audiência com o Papa sintetizou isso perfeitamente. Poder “conversar” com Pedro, ouvir de sua própria boca o que deseja para nós, como nos vê e o que espera de nós é como ouvi-lo falando comigo. Além disso vermo-nos cantando em tantas línguas, ouvir tantas diferentes nacionalidades cantando músicas brasileiras me fez perceber que havia não só uma grande unidade entre nós, mas que tínhamos uma mesma humanidade que havia encontrado a mesma resposta: Ele. Gratidão infinita.
Cecília, São Paulo

A familiaridade diante de milhares de pessoas na Praça São Pedro, a sintonia em cada gesto… diante daquele “mar de pessoas”, em momentos de silêncio eu pensava: existe um ponto concreto que me liga a essas pessoas, e é o Encontro com Cristo através de Dom Giussani. Direto ou indiretamente, encontramos um homem que nos propôs um caminho e um método para seguir. Uma amizade! Celebrar o centenário de Dom Giussani é celebrar a vida nova. É celebrar o encontro com Cristo que mudou minha vida. É sentir abraçada por esse Mistério, é sobretudo, estar diante do Mistério. Quanta gratidão pela nossa história!!
Suellen, Petrópolis

Uma experiência extraordinária! Que para mim iniciou há seis meses, com a insistência de nosso filho Daniel – «Pai, mãe, vocês não podem deixar de ir ao encontro com o Papa. É por Dom Giussani!» E viemos em 8 pessoas de nossa família. Para nos surpreendermos a cada dia e instante: com a alegria das nossas conversas durante a preparação para a viagem; já na Itália, com as visitas às igrejas e espaços que nos levam a amar ainda mais a nossa história como povo de Deus; e, então, a audiência. Caminharmos como família até a Praça São Pedro, vendo a cada trecho avolumar-se o número de peregrinos como nós, nossa “família estendida”; depararmo-nos com uma inicial confusão para ingresso no evento que se foi silenciando pela beleza do lugar, dos cantos, dos encontros; rezarmos, frente à Basílica, «Tu és Pedro e sobre esta pedra...» E chega o Papa, cheio de afeto no rosto e nos gestos enquanto percorre a Praça; carregado de admiração nas palavras sobre D. Giussani; com amorosidade nos orientando e corrigindo. Próximo a nós, na audiência, estava um casal com um filho que por vezes gritava e chorava longamente; seu pai lhe segurava a mão enquanto a mãe, sorrindo, suavemente o abraçava e sussurrava-lhe ao ouvido. E o menino finalmente se acalmava. Uma cena, para aquela família, cotidiana; porém, para mim, extraordinária. Como cada detalhe nestes dias.
Maria, São Paulo


ALEMANHA
Quando chegou o dia da partida da rodoviária de Munique Haar, havia, além da espera pelo encontro com o Papa, também a consciência de que a viagem não seria nada fácil. Nos esperavam 12 horas de ônibus até chegar ao local onde passaríamos a noite. O cansaço se fez sentir imediatamente. Mas para nos fazer companhia estava a presença de muitos amigos da comunidade alemã que, durante pequenos diálogos, alguns completamente inesperados, se sentiam livres para contar suas experiências, compartilhar suas feridas e perguntas. É bom descobrir que nunca fazemos o caminho da vida sozinhos. Até a oração do Ângelus e das Laudes, os cantos, foram gestos que nos puseram em posição de espera para o encontro com o Papa. Na manhã de sábado, o encontro na Praça de São Pedro era às 8 horas e logo nos deparamos com rostos de pessoas, estudantes, adultos, cansados como nós, mas cheios de expectativa pelo que estava para acontecer. Pessoas que, como nós, foram tocadas em suas vidas por um encontro tão decisivo que os impulsionou a viajar para se encontrar durante meio dia na Praça de São Pedro.
Um povo é muito mais do que uma massa de pessoas. Quão diferente é a união de 60 mil pessoas em um estádio de futebol que vivem um momento de simultaneidade, mas permanecem estranhas umas às outras? O que uniu milhares de pessoas na Praça de São Pedro foi o antes e o depois de uma história. O encontro com o Papa, as canções e os textos durante o encontro foram a irradiação de uma humanidade que atraiu pessoas de todas as culturas e continentes e as pôs em movimento. É uma grande comunidade, mas ao mesmo tempo vive apenas da vivacidade de cada eu.
Andreas, Francesco e Giuseppe, Munique

PERU
O que aconteceu para nos mover e atravessar o oceano? O que aconteceu para nos levar a Roma?
No Peru, nossa história começou nos anos oitenta e chegou até nós, homens frágeis, por meio de testemunhas «filhos de Dom Giussani». Como permanecer imóvel diante da misericórdia do Santo Padre que nos acolhe mais uma vez para fazer memória viva desta grande história de amor?
Muitos amigos, para ir à Roma, fizeram mais horas de trabalho, outros pediram empréstimos e consumiram os dias de férias. Não nos faltou perguntas e preocupações, mas a gratidão foi esmagadora. Alguns dias antes da audiência, um amigo que deveria vir conosco adoeceu gravemente. Este fato nos colocou na posição de mendicantes que suplicam pelo milagre, o Seu amor e nossa conversão através das circunstâncias que Jesus nos dá.
Com estes fatos diante dos olhos e do coração, fomos protagonistas de uma festa, de um encontro com pessoas vivas, como no Pórtico de Salomão, cujo denominador comum foi o de seguir Jesus na simplicidade, em uma situação talvez aparentemente impossível. Este denominador comum garante que nada seja esquecido, a realidade é uma só, a vida do nosso amigo também foi abraçada pelo que aconteceu na praça, pelo Papa Francisco e pelo rosto bom do Mistério.
Silvia, Lima


PORTO RICO
No dia 15 de outubro, a Praça de São Pedro me devolveu de uma vez toda a história da minha vida e em profunda unidade. Estavam lá a minha irmã Antonella com seu marido Massimo (minha família!); um grupo de amigos de Gerenzano, cidade onde nasci e cresci; reencontrei-me com Daniele, Giampiero e Rocco, amigos da casa dos Memores de Campeche, no México; e de Campeche reencontrei Conchita depois de 25 anos, que agora vive e trabalha em Paris, e muitos outros rostos queridos; estavam comigo, vindas de Porto Rico, Amanda e Tatiana, Edrian e José Francisco. Todos ali por uma história que nos alcançou a todos, para a vida inteira, uma história que não existiria sem a fé e o afeto de Dom Giussani; todos ali porque fazem parte de um povo nascido do seu amor à Cristo e à cada um de nós; todos ali como filhos e pais, graças à sua experiência de filho da Igreja e de pai dentro da Igreja.
A intensidade e a beleza do gesto tornaram evidente que a memória não é um passado, mas a consciência de uma pertença que te faz dizer com certeza “eu” hoje e te faz olhar tudo com ternura. Não me envergonho de dizer que me emocionei em várias ocasiões: durante algumas canções “nossas”; durante os testemunhos de Rose e Hassina, olhando para aqueles milhares e milhares de rostos, todos tão diferentes e ao mesmo tempo tão unidos, objetivamente uma coisa só.
E a espera das palavras do Santo Padre. Também ele grato a Dom Giussani, feliz e orgulhoso por todos aqueles filhos; e também preocupado, como todos os pais, que veem seus filhos crescerem e sabem das dificuldades e perigos que irão se deparar. Ele quase nos suplicava: «Vós recebestes um grande presente. Vós tendes um enorme tesouro em vossas mãos: por favor, não o desperdiceis!» E depois: «Eu espero ainda mais. O potencial do vosso carisma ainda deve ser em grande parte descoberto, ainda há uma grande parte para descobrir». A estima de um pai! A confiança de um pai!
Hoje, segunda-feira, 17 de outubro, já estou de volta ao trabalho em Porto Rico: mais feliz, mais seguro, mais consciente e talvez por isso um pouco mais humilde.
Giuseppe, San Juan

ARGENTINA
Chegar a Roma do «fim do mundo», como o Papa definiu sua Argentina, é uma longa jornada, mas nosso desejo de estar lá era maior do que todas as dificuldades. Chegar a Roma do «fim do mundo», como o Papa definiu sua Argentina, é uma longa jornada, mas o nosso desejo de estar lá era maior do que todas as dificuldades. Assim como era grande a beleza de realizá-la na companhia de amigos que compartilharam os anos de universidade e tanta vida quotidiana. E que surpresa nos encontrarmos juntos novamente, mais gratos do que nunca por essa história.
Chegamos na sexta-feira e fomos direto para a sede, ensaiar as músicas argentinas para o dia seguinte. Isso também é algo que nunca deixa de me surpreender: cantamos as mesmas músicas em todo o mundo. E em todo o mundo, em qualquer comunidade, por menor que seja, o canto tem um lugar privilegiado.
No início da manhã de sábado fomos para a praça. Rezamos, cantamos, festejamos, ficamos em silêncio. Cada um dos que estavam na praça poderia ter dado uma razão diferente para estar ali. Mas todos fazíamos parte de um povo educado na liberdade, na comunhão, convictos da nossa experiência, daquilo que é o nosso maior tesouro.
O Papa Francisco chegou, um homem comum, mas original, fazendo um percurso cheio de humanidade, razão e afeto, de acolhimento e de liberdade. Argentino como nós, olhado, preferido e tomado pela misericórdia de Deus para guiar a Igreja, para o nosso bem e para o mundo inteiro.
Escutamos suas palavras tão cheias de conhecimento de Dom Giussani, da história e do presente do nosso Movimento, cheias de afeto e confiança, cheias de desejo. Como um pai sábio, ele nos indicou o que devemos cuidar, curar e a que devemos ser gratos.
Que graça poder aceitar esta provocação, este relançamento. E que gratidão pela possibilidade de compartilhar com tantos amigos o que David nos propôs em sua carta, em preparação para a audiência: «Como filhos, confiamos ao Papa Francisco o desejo que nos motiva desde o fundo de nossa alma a oferecer, na concretude da nossa existência, a contribuição de nossa fé em benefício de todos os nossos semelhantes, e continuamos a implorar, antes de tudo por nós mesmos, somente Àquele que pode saciar a sede do coração humano: Jesus de Nazaré».
Carolina, Ingeniero Maschwitz