«Vendo-o me dá vontade de lutar por um mundo melhor»
Uma fotógrafa alemã trabalha seguindo os passos dos líderes que constroem a paz. Pela primeira vez acompanhou o Papa Francisco. Veja o que a impressionouSou uma fotógrafa, moro em Malta, fundei o Malta International Photo Award. Foi a minha primeira experiência, e uma honra absoluta, poder participar da viagem do Papa à Tailândia e ao Japão. Eu o fiz em virtude do meu projeto social “Peacemaker”, pelo qual quero captar a essência dos líderes mundiais e das personalidades que lutaram e estão lutando pela paz e pela prosperidade em toda parte do mundo. E é isso o que Francisco é para mim: um “artesão” da paz universal, do profundo de seu coração, com uma personalidade decidida, um carisma enorme.
Ele começou seu pontificado com a escolha de morar em Santa Marta, em vez de residir no Palácio Apostólico como todos os seus predecessores: símbolo da missão que sente de servir e responder às necessidades das pessoas, e um exemplo perfeito aos olhos de milhões de pessoas que no nosso planeta vivem em circunstâncias terríveis e em pobreza extrema.
Sempre considerei Francisco um homem capaz de criar unidade em nível global. Uma data fundamental nesse sentido foi 4 de fevereiro do ano passado, quando em Abu Dhabi assinou com Ahmad Al-Tayyib, o Grão-Imã de Al-Azhar, o Documento sobre a fraternidade humana em prol da paz mundial e da convivência comum. É um passo notável para o fim dos conflitos, que contribui para a construção da paz por meio de uma cultura do diálogo inter-religioso. O documento condena todo e qualquer tipo de terrorismo, onde muitas vezes a fé é instrumentalizada para justificar o que é injustificável. Trata-se de um apelo fortíssimo ao mundo, que espero possa guiar os seguidores de todas as fés.
Mas fiquei muito agradecida por estar presente – e fotografar – no encontro de Francisco com o Patriarca Supremo dos Budistas da Tailândia, Somdej Phra Maha Muneewong, no Templo Wat Ratchabophit. Esse encontro pôs no mesmo patamar dois líderes globais e nos mostrou como culturas e religiões deveriam interagir, no respeito, na vontade de compreensão recíproca. Esta é mais uma capacidade excepcional de Francisco, que admiro muito: ele tem uma escuta profunda e atenta, uma compreensão viva da natureza e da mente humana.
Também vi isso em Nagasaki e em Hiroshima, visitas centrais da sua missão: Francisco pede um mundo de paz que não seja escravo da produção, da propriedade e da utilização das armas. As tragédias de 1945 deveriam servir a todos nós para jamais nos esquecermos, lembrando-nos os sofrimentos causados pela crueldade do homem.
A viagem de Francisco, suas mensagens a todos, pedem-me profundamente que jamais pare de lutar por um mundo melhor, mais justo e pacífico.