“Trabalhamos de graça porque existe algo que nos fascina”
Uma obra nasce porque determinadas pessoas se comoveram antes por algo que lhes interessa e as leva a se colocar em ação. Os voluntários que irão participar do Encuentro Madrid se reuniram em fevereiro para se ajudarem nesse juízoUma centena de voluntários do Encuentro Madrid (EM) se reuniu no sábado 12 de fevereiro para participar da assembleia com Emília Guarnieri, presidente do Meeting de Rimini. “Convidamos Emília porque sua vida é inseparável de sua obra. Para nós, que sempre concebemos do EM como um irmão mais novo do Meeting, convidá-la para esta assembleia corresponde ao desejo de que nos acompanhe”, explicou Rafael Gerez, presidente do EM. Em seguida, deu início à assembleia com uma breve explicação do lema deste ano: “Inteligência da fé, inteligência da realidade”. Uma citação retirada do discurso de Bento XVI ao Pontifício Conselho para os leigos e especialmente pertinente para a atual situação espanhola. Como afirma o manifesto do EM, “acreditamos que esta é à hora de mostrar, dentro das circunstâncias reais e em diálogo aberto com todos, a plenitude de vida - razão, beleza e liberdade - que o Cristianismo gera”.
Na assembleia, Emília sublinhou que qualquer trabalho gratuito tem sua origem em algo anterior. “Qualquer obra que empreendamos, o EM ou o Meeting, nasce porque determinadas pessoas se comoveram antes por algo que lhes interessa e as leva a se colocar em ação. Pessoas que compartilham o mesmo ímpeto, um ímpeto que as une. O desejo de construir não somos nós que nos damos mas é algo que recebemos; nós o encontramos dentro mas não o fazemos, é algo que nos é dado.”
Ao explicar a raiz da amizade que sustenta o Meeting de Rimini ou o Encontro Madri, Emília afirmou que é preciso que, na origem, haja um ponto de unidade, do qual não se pode prescindir. “Decidimos que damos a vida por Cristo. Então, como posso estar segura de que Cristo me pede que faça este trabalho concreto? Se Cristo não for algo tão concreto quanto uma amizade operativa entre pessoas que trabalham juntas, o trabalho gratuito é impossível, tanto no EM quanto no Meeting. Se não existe uma experiência de amizade, ao final os problemas prevalecerão. É imprescindível um ponto de unidade na origem. Pode ser um ponto de unidade muito dramático, mas tem que existir um ponto do qual se sabe não poder prescindir. A quem eu obedeço? Quantas vezes me fiz esta pergunta! Alguém só pode obedecer à realidade que existe, à unidade que há. Então, quando surge uma dificuldade, pede”.
Porque o trabalho sempre cansa, assim sublinhou a presidente do Meeting, quando se referiu ao trabalho dos voluntários do Encontro Madri mas também enfatizou a diferença que se introduz quando o trabalho tem um significado. “O cansaço sempre virá, naquilo que têm para fazer como voluntários do Encontro Madri, é inevitável, como em qualquer outra circunstância da vida. Trabalhar cansa sempre, porém é belo porque, sem trabalhar, nada se consegue fazer na vida. Esta é a premissa”. Uma premissa que muda as relações entre os que trabalham juntos: “se peço a alguém que me faça algo, será um peso. Porém, se peço que faça porque será uma ocasião para seguirmos juntos algo de belo que acontece, a coisa muda muito”.
A beleza se converte assim em ponto de partida e de chegada. “O que move os homens é a beleza. Fazemos o que fazemos para mostrar a todos esta beleza. Cada um de nós se move pela beleza. Pela beleza com que o outro se põe a trabalhar, também eu quero trabalhar como voluntário. Existe sempre uma pessoa ou momentos de pessoas para os quais devemos olhar. Sempre existe alguém com um desejo de verdade que se pode seguir. Só nos movemos por uma beleza, não pelo sacrifício, nem por uma organização, mas apenas por algo que nos fascina”. Isso é o que permite que o sacrifício do trabalho gratuito seja belo, tenha um “benefício humano”.
Emília explicou que teve que compatibilizar dois trabalhos, desde que começou o Meeting de Rimini: a presidência do evento e seu trabalho como professora, o que supôs “uma aventura comum” que compartilha com seu marido. A presidente do Meeting explicou que nunca pensou que conheceria tantas pessoas e experiências como aquelas com que tem se deparado no Meeting. Conforme assinalou, sem dúvida, não basta a abertura de horizonte que isto supõe. “Sou o que sou porque posso viver tudo como vocação, porque tudo na vida pode ser vocação, isto é, resposta a Cristo presente”.
Depois do encontro com os voluntários, acontece de1 a 3 de abril o Encuentro Madrid que neste ano tem como tema "Inteligência da Fé e Inteligência da Realidade".
Mais informações: http://www.encuentromadrid.com/inicio.html
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