Padre Francesco Ricci, “pioneiro de cada caminho percorrível”

Na Itália, um encontro para falar do sacerdote, educador, homem de cultura, editor e missionário, Francesco Ricci (1930-1991). Padre italiano que, em pleno século XX, ajudou na evangelização da Europa Oriental, Japão e América Latina
Enrico Locatelli

Uma noite para se lembrar foi aquela de 17 de maio, em Forlì, sobre a atualidade do testemunho de Padre Francesco Ricci, sacerdote morto há 16 anos, origem da comunidade local de CL, em 1961, e protagonista da difusão do movimento no mundo. O encontro organizado pelo Centro Cultural Dom Francesco Ricci – La Bottega dell’ Orefice, teve como palestrantes Alessandro Rondoni, jornalista e biógrafo do Padre Francesco, Ricardo Lanzoni, professor de história e filosofia, e Alberto Savorana, e, como moderador, Valerio Girani, responsável de CL em Forlì. Começa Rondoni: “Sempre fui fascinado pelo seu juízo profético sobre a atualidade, com artigos e livros que escrevia ou que levava das viagens”. E a sua capacidade de ler o presente é “um desafio para o meu trabalho de hoje, onde sempre se está conectado, porém sozinhos”.

A mesa dos palestrantes durante o encontro em Forlí.

Lanzoni conta o quanto lamentou quando Savorana, seu estudante no ensino médio, deixou Forlì e foi para Milão depois de se formar. Aquele fato mostrou “aquilo que Ricci nos ensinava mas que tínhamos dificuldade de fazer com que se tornasse nosso: investir nos talentos é mais rico e fértil exatamente quando começa o inconveniente, o nocivo, o impossível. Seria muito mais cômodo estar dentro dos próprios esquemas”. Depois, mais precisamente: o verdadeiro educador leva quem tem a sua volta “a reconhecer os verdadeiros sinais da beleza”. E é seguindo esses sinais que Lanzoni vê, hoje, na direção de padre Julián Carrón a continuidade daquele início.

Depois é a vez de Savorana: “Nas minhas viagens na América Latina para apresentar a biografia de Dom Giussani, onde quer que eu chegasse me diziam que padre Francesco ‘já tinha estado ali’. Nos anos oitenta criou uma rede de amizades, e agora os filhos daqueles que tinham o encontrado continuam aquela vida que ele tinha levado”. E como tinha se tornado “enviado especial, pioneiro de cada caminho percorrível”, se vê na sua última entrevista de 1991: “Eu tinha uma sólida bagagem cultural e uma séria formação espiritual”, conta Ricci, “mas havia uma brecha que podia se tornar uma ruptura: uma certa tendência a deixar como que em pratilheiras separadas o conteúdo dogmático da fé, as consequências morais e assim por diante. O encontro com Dom Giussani foi a resposta. Me fez descobrir o método para dar vida, experiência, aos conteúdos da doutrina”.



Eis o “ponto ardente” que faz dizer o quanto padre Francesco ainda está vivo hoje, comenta Savorana. É possível ver ainda os frutos, os “sinais da beleza”: como no caso de Vanessa, uma moça de Lima que, depois de ter encontrado os sucessores de Ricci, no meio das dunas de areia e sujeira de uma enorme favela, abre um “pedaço de paraíso”, a creche Dom Luigi Giussani. “A coisa surpreendente que encontrei em Ricci, em Giussani e, hoje, em Carrón é essa capacidade de nexo”, continua Savorana: “Tão preso à origem quanto consciente de que a origem não é um passado, mas algo que está acontecendo agora”. O encontro se encerra com o anúncio: a associação Bottega dell’Orefice faz parte do centro cultural que leva, de fato, o nome de Ricci. Uma coisa só.