O título do Meeting, “A coragem de dizer eu”, repropõe uma frase dos Diários de Søren Kierkegaard escrita em 1849, que queremos entender no seu contexto original.

Kierkegaard
Kierkegaard interrogava-se acerca da comunicação da verdade. Percebia que a primeira condição para uma comunicação da verdade é a pessoa que a pronuncia. A verdade não se transmite através dum ventríloquo. Exige uma pessoa que se joga na comunicação da compreensão que teve daquela verdade. Aqui está já um primeiro significado do valor do «eu».
Kierkegaard lança esta exigência diante da difusão dum pensamento de molde racionalista-idealista, que ele muito criticou, considerando-o, no sentido mais negativo do termo, uma abstração, uma especulação desligada da vida real e da existência concreta das pessoas.
É por isso que Kierkegaard insiste na necessidade de trazer para fora as reflexões sobre aquilo que é verdadeiro na vida de um homem vivo, de um «eu». É necessário, portanto, um confronto com a verdade da própria vida e não apenas uma afirmação de verdades “teóricas”, que não são postas à consideração da existência. A tarefa da vida é este contínuo apropriar-se, ou reapropriar-se, da verdade, que põe em jogo a pessoa, que traz à tona o eu. Sem nos colocarmos em jogo, não haverá plena comunicação da verdade ao outro...#MeetingdeRímini