A equipe do CLU.

Um encontro que “continua a sustentar-se”

Eram 450 universitários provenientes de 15 países. Reuniram-se na Itália para três dias cheios de diálogos e momentos comuns. Os temas? Testemunho, misericórdia e verificação da fé: “O que permite construir pontes”
Francesca Capitelli

“A coisa mais bela destes dias foi ver Carrón propondo-nos um caminho, e descobrir como ele é o primeiro a percorrê-lo”. É o que responde Luca, estudante de Economia na Católica de Milão, quando lhe perguntam o que leva para casa da Equipe dos Universitários (CLU) que acaba de encerrar-se.

Aos pés do monte Cervino, na fronteira entre Suíça e Itália, quatrocentos e cinquenta universitários de quinze países diversos se reuniram para compartilhar com padre Julián Carrón três dias de diálogo intenso, o mesmo método que acompanha os jovens durante o ano inteiro, toda semana, na Diaconia, o encontro dos responsáveis, que porém é aberto a todos: olhar juntos os fatos pequenos ou grandes que acontecem, as perguntas prementes para entrar na experiência, um desafio constante a julgar aquilo que vivem. Os dias de Cervínia foram especiais, porque ocorreram entre agosto e setembro, entre o encerramento do Meeting de Rímini e o início do período das provas para muitos deles. Em pauta a misericórdia, o testemunho e, sobretudo, a verificação da fé.

Agora que já voltaram para casa e a vida de todos os dias retoma velozmente o seu ritmo, alguns deles fazem uma revisão daquilo que acabam de vivenciar. “Foram dias desafiadores”, conta Marta, que inicia agora o último período do curso de Letras: “Carrón nos chamou constantemente a atenção sobre o ponto da pauta”. Ou seja: como a nossa experiência nos permite aprofundar aquilo que encontramos e como influi sobre as feridas do mundo, hoje?

A este propósito, durante a assembleia Luca tinha feito uma colocação, contando acerca do mês transcorrido em Londres para frequentar um curso de Economia. “Eu parti logo após as férias do CLU e foi providencial poder fazer este tipo de experiência depois de tudo o que aconteceu, desde as eleições na faculdade até a semana na montanha com os amigos do Movimento”. A fadiga de ter que estudar também durante as férias e a convivência com estudantes que, não só não participam do Movimento, mas estão distantes de todo tipo de vida e ideais cristãos, não foram uma objeção. Aliás. “Descobri-me carregando um desejo de compartilhar tudo com esses cinco colegas que havia conhecido. E sem puxar o freio de mão, como ocorre frequentemente quando estou com gente ‘nova’”.

Mas de onde nasce este novo modo de estar no mundo? “É a certeza da fé que lhe permite estar em qualquer lugar e com qualquer um. Experimentar una vida diferente que entra naquela velha com uma surpresa total”, explica ainda Luca. “É um método verdadeiro e válido, que permite construir pontes, ao invés de levantar muros”. Marta continua: “Carrón insistiu muito sobre a certeza. Assim, uma pessoa pode viver até o fundo sem ter de tirar nada de si. Pode compartilhar tudo com todos, graças a esta certeza vivida no profundo”. Com uma única condição, porém: precisa verificá-la.

E exatamente o tema da verificação foi a linha comum dos encontros que se seguiram nos três dias: Marta Busani apresentou o seu livro sobre a história de Gioventù Studentesca (nome do primeiro núcleo de Comunhão e Libertação) e contou a respeito da época quando as reuniões (denominadas “raio”) se chamavam ainda, justamente, “verificação”. Giorgio Vittadini, com os olhos ainda cheios de quanto acontecera na semana anterior em Rímini, falou do Meeting. Por último, Carrón apresentou com Alberto Savorana o seu livro, A Beleza desarmada, publicado no ano passado pela editora Rizzoli na Itália, e recentemente traduzido para o português pela Ed. Companhia Ilimitada. “Marcou-me quando Carrón disse que escreveu este livro para nós”, conta Marta, “para pôr um fundamento novo, que tem suas raízes no método de Giussani, que nos mostre como é sempre o momento certo para gritar ao mundo aquilo que encontramos”. Também quem não tem episódios impressionantes para contar, pode, em seu pequeno, verificar este encontro. “Agora tenho vontade de ver se também a minha fé se sustenta de verdade”, conclui Marta.

Carlo, prestes a formar-se em Design, também conta: “Destes três dias me marcou particularmente uma coisa: que apesar de nossos esquemas serem desfeitos continuamente, existe alguma coisa que nos faz ser plenamente nós mesmos onde quer que vamos. Enquanto eu vinha para cá, recebi uma ligação de meu futuro empregador dizendo que não iria mais me admitir para o estágio. E isto jogou para os ares todos os meus planos. Mas olhando o modo como outros se colocavam frente a situações semelhantes, tanto no exterior como no hospital com os pacientes, fiquei impressionado ao ver como a experiência pode influir sobre a vida. E parti de novo”. Entre uma centena de e-mails e currículos enviados para o mundo afora, e um diálogo privado com padre Carrón, Carlo pode afirmar: “Eu vi que a realidade é a verificação da fé”. Mas esta poderia parecer somente una frase. “Ao invés, ali em Cervínia estavam pessoas que viviam assim e se descobriam plenamente homens”.