Um dom para o nosso tempo
Às vésperas da canonização de Madre Teresa de Calcutá a ser realizada dia 4 de setembro, publicamos alguns trechos de seu livro "No greater love" (Não há amor maior)Jesus veio a este mundo com um objetivo. Ele veio para nos dar a boa nova de que Deus nos ama, de que Deus é amor, de que Ele ama a ti e ama também a mim. Como Jesus nos demonstrou o seu amor? Dando a sua vida. Jesus nos ama com um amor terno. Foi isto que Jesus nos veio ensinar: o amor terno de Deus.
Uma vez recolhi um homem na rua. O seu corpo estava cheio de vermes. Levei-o para a nossa casa; e o que foi que ele disse? Não reclamou, não xingou ninguém. Disse apenas: “Vivi como um animal nas ruas, mas agora morrerei como um anjo, amado e tratado”. Foram necessárias três horas para lavá-lo. No final, olhou para a irmã e disse: “Irmã, vou para a casa de Deus”, e morreu. É possível que a jovem irmã não se tenha dado conta naquele momento, mas havia tocado o corpo de Cristo.
Não é necessário que façamos grandes coisas para mostrar um grande amor por Deus e pelo nosso próximo. É a intensidade de amor que colocamos nos nossos gestos que os torna particularmente belos aos olhos de Deus.
É fácil amar quem está longe. Nem sempre é fácil amar quem vive ao nosso lado. É mais fácil oferecer um prato de arroz para matar a fome de uma pessoa necessitada do que fornecer conforto à solidão e à angústia de alguém que não se sente amado na nossa própria casa.
Se vocês estão desencorajados, isto é um sinal de orgulho, pois demonstra que confiaram demais nas suas capacidades. Não se preocupem nunca com as opiniões das pessoas. O Senhor me quis aqui onde estou. Ele fornecerá a solução.
Para sermos capazes de amar, nós precisamos da fé, pois a fé é amor em ação, e o amor em ação é capacidade de serviço. Para sermos capazes de amar, precisamos ver e tocar. A fé em ação através da oração, a fé em ação através do serviço: são a mesma coisa, o mesmo amor, a mesma compaixão.
Passaram-se muitos anos, mas não esquecerei jamais uma moça francesa que veio a Calcutá. Tinha um ar muito atormentado. Viera trabalhar na nossa casa para pobres moribundos. Depois de dez dias, veio ver-me. Abraçou-me e disse: “Encontrei Jesus!”. Perguntei-lhe onde tinha encontrado Jesus, e me respondeu: “Na casa dos pobres moribundos”. “E o que você fez depois de ter encontrado Jesus?”. “Fui confessar-me e tomei a Comunhão pela primeira vez em quinze anos”. Então eu lhe disse ainda: “Que outra coisa você fez?”. “Mandei um telegrama aos meus pais dizendo que encontrei Jesus”. Olhei para ela e disse: “Agora vá fazer as malas e volte para casa. Volte para casa e dê alegria, amor e paz aos seus pais”. Ela voltou para casa radiante de alegria, pois era disso que o seu coração estava cheio. E quanta alegria levou à sua família! Por quê? Porque perdera a inocência da juventude e a havia reencontrado.