«Felizes os pobres no espírito, porque deles é o Reino dos Céus»
No dia 10 de junho ocorreu a 39° Peregrinação Macerata-Loreto. «Vocês vão até Nossa Senhora, sustentados pelo testemunho recíproco ao longo do caminho, para pedir essa pobreza da qual Ela é rainha». A mensagem de Julián Carrón.Queridos amigos, vocês chegaram à Peregrinação – conscientemente ou não – por causa de uma necessidade que os colocou em movimento antes ainda de começarem a caminhada até Loreto. Tomar consciência dessa necessidade é o primeiro trabalho que os aguarda nesta noite, porque só assim vocês poderão caminhar de um modo não mecânico e não óbvio.
Mas como nos ajudamos a reconhecer a nossa verdadeira necessidade? Bastaria simplesmente admitir os nossos medos, os nossos sofrimentos, as nossas tristezas ou solidões, sem censurar nada, para reconhecer o quanto somos necessitados.
Qual foi o pensamento dominante que os impeliu a se colocarem a caminho? O que fica - “como torre em solitário campo” (G. Leopardi) - no meio de todas as vicissitudes da vida, nas quais tantas vezes nos encontramos confusos, amedrontados e decepcionados?
Depois de ter se autoconvidado para almoçar na casa de Zaqueu, Jesus afirma: «Hoje a salvação entrou nesta casa». E nós? Interessa-nos ainda a salvação ou ela ficou sepultada sob a montanha dos nossos costumes? Preferimos nos contentar com alguma coisa menor, reduzindo o desejo imenso que carregamos no coração? Quanta necessidade temos de reconhecer a nossa verdadeira
pobreza!
«Felizes os pobres no espírito – diz Jesus -, porque deles é o Reino dos Céus», isto é, a salvação. Por isso Dom Giussani repetia que «o verdadeiro protagonista da história é o mendicante». E papa Francisco: «Esta pobreza é necessária porque descreve aquilo que verdadeiramente temos no coração: a necessidade d’Ele».
Por isso vocês vão até Nossa Senhora, sustentados pelo testemunho recíproco ao longo do caminho, para pedir essa pobreza da qual Ela é rainha, a fim de que Deus tenha piedade de nós; e assim como «olhou para o nada de sua serva», olhe também para o nosso nada.
Enquanto caminharem, será favorável ter diante dos seus olhos a pergunta com a qual Jesus se dirige ao nada de Pedro: «Tu me amas?». Vocês já imaginaram como Ele devia olhar para Pedro a ponto de lhe fazer aquela pergunta, depois de ter sido renegado três vezes? Nem mesmo a traição de Pedro podia bloquear a piedade ilimitada de Cristo por ele. E vocês já imaginaram o contragolpe que Pedro deve ter sentido, pensando na sua nulidade, a ponto de extrair de suas entranhas aquela resposta desarmada? «Senhor, Tu sabes tudo, Tu sabes que te amo. A minha simpatia humana é por ti; a minha simpatia humana é por ti, Jesus de Nazaré» (Dom Giussani). Eu releio frequentemente o trecho do Evangelho sobre o «sim» de Pedro (Jo 21); como eu poderia percorrer o meu caminho sem voltar constantemente aí? Eu me perderia, incapaz de identificar a minha verdadeira necessidade e Quem responde agora.
Boa caminhada, cheios somente da necessidade d’Ele.
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