A preparação do seminário.

CHILE A escola? Recomeço à sombra de uma palmeira

Em Santiago, alguns professores organizaram um seminário sobre o livro “Educar é um risco”. E entre lições e quadros de Van Gogh, renasce o desejo de voltar às aulas. Com uma certeza: “Agora sabemos de onde viemos”

Depois de uma assembleia, Juan Emilio me falou de uma proposta feita por alguns educadores italianos: aprofundar as reflexões de Dom Giussani sobre educação, a partir do texto "Educar é um risco". Assim nasceu a ideia de um seminário em Santiago, que envolveu mais de 250 pessoas. Nosso desejo era voltar a olhar para o ponto que guia o nosso caminho, mesmo que isso significasse recomeçar do início. Mas entendi logo que esta seria uma boa oportunidade: eu poderia me colocar em jogo novamente, aceitando o fato de ter sido tomada por Cristo. Dizer sim foi imediato. Em seguida, os mil detalhes por meio dos quais as circunstâncias são construídas deram carne e vida ao tempo.
Na semana anterior ao evento, fiz uma reunião junto com outros professores para nos prepararmos. Eu estava contente, pois estávamos juntos novamente, unidos por algo maior do que todas as tarefas de educadores que aumentam no encerramento do ano escolar. No sábado, dia 8 de janeiro, Luisa Cogo e Antonella De Giorgi chegaram da Itália. Para a ocasião Juan Emilio instalou em sua casa, à sombra de uma linda palmeira, um escritório completo. Havia computador, impressora, fotocopiadora e conexão internet. E havia, sobretudo, pessoas que ofereciam um pouco do seu tempo para preparar o que era necessário: desde a correção dos textos até a escolha e o ensaio dos cantos. Começamos com um delicioso almoço preparado por Angelica e seus filhos, para depois terminar com um jantar à base de salmão preparado por Livio. No domingo, nos dividimos em grupos e continuamos a preparação, com o mesmo clima do dia anterior. Os dias do seminário corresponderam totalmente às expectativas.
As pessoas que trabalham nas quatro escolas chilenas nascidas da experiência do Movimento Comunhão e Libertação (às quais se acrescentou a "Edudown", dirigida por Juan Emilio, que acolhe mais de 200 crianças com necessidades especiais) se encontraram, pela primeira vez, para um trabalho em comum. Nós nos comovemos ao ouvir pessoas vivas, que falam de si com verdade. Eu vi um método para enfrentar a realidade que documenta o que se fala. Tudo foi uma oportunidade, tanto o texto como o contexto: as lições sobre o texto de Giussani, um filme que assistimos juntos, os olhares atentos diante das obras de Millet e Van Gogh, a escuta da Nona sinfonia de Beethoven. Os nossos desejos e as nossas esperanças foram amplamente satisfeitos.
Tenho certeza de que este ano, quando retomarmos as aulas, em março, faremos o nosso trabalho com mais certeza, “sabendo de onde viemos” (como me disse um professor de uma das nossas escolas). Descobrimos que fomos escolhidos, pois somente isso explica o trabalho que fizemos juntos. Por isso desejamos começar de novo a tarefa de dirigir estas obras educativas e nos ajudar a julgar, entrando em cada detalhe, enfrentando tudo o que acontecer. Agora temos a consciência de ser um povo abraçado por Deus, através de novos amigos com o Seu rosto familiar. Esperamos assim o início do ano escolar, “desejando desde agora entrar na sala de aula”, como afirmou Luz Maria concluindo o seminário.
Alex Pérez, Santiago