Benjamin Netanyahu primeiro ministro de Israel

Israel e Palestina, a paz possível

Ataques de lado a lado, desequilíbrio de forças. E a questão que permanece é o que fazer para mudar essa situação. A resposta não é fácil, mas existe
Robi Ronza

A trégua não declarada, mas eficaz que se estabeleceu no Oriente Médio para as eleições presidenciais norte-americanas foi suspensa imediatamente após a sua conclusão. Durante o período a União Europeia poderia ter uma vantagem positiva para jogar as suas cartas, mas, infelizmente, mais uma vez perdeu a oportunidade. Lamentar-se novamente por esta omissão irresponsável não serve de nada, mas seria injusto ignorar. No entanto, esperamos que Bruxelas comece a entender que o que acontece no Mediterrâneo nos afeta tanto quanto às margens do Reno.

Para romper a trégua, Benjamin Netanyahu não hesitou em elevar o tom ao ordenar o assassinato do comandante militar do Hamas, Ahmed Khalil Said al-Jabari, em Gaza. A ordem foi obedecida de forma eficaz. É fácil imaginar que antes de tomar essa decisão Netanyahu terá avaliado todos os prós e contras, e entre elas as reações possíveis do mundo árabe. E se tomou esta decisão avaliou que as possíveis reações seriam suportáveis. O que provavelmente é verdade no curto prazo mas ninguém garante que serão no futuro. O Hamas não é mais uma realidade asilada como foi no tempo do Egito de Mubarak.

Hoje quem governa no Cairo é Mursi, representando a história e a cultura da Irmandade Muçulmana, uma história e uma cultura que deu origem ao Hamas. Não por acaso, Mursi tomou duas decisões impensáveis na era de Mubarak: primeiro, chamou seu embaixador em Israel e convocou o embaixador israelense no Cairo. Enviou à Gaza seu primeiro-ministro Hisham Qandil, mesmo após os ataques aéreos israelenses no território.

Enquanto isso o bombardeio “artesanal” a Israel foi retomado. Uma bomba causou um massacre de uma família e outra caiu no mar, perto de Tel Aviv, sem fazer vítimas. Até agora a grande cidade israelita parecia estar fora do alcance dos ataques. As bombas são jogadas pelos inimigos de Israel sem que estes sejam, obrigatoriamente, amigos do povo palestino. Estas armas, como tem sido demonstrado, pode causar dor e morte, mesmo sem qualquer objetivo militar. E acaba justificando reações israelenses inevitavelmente mais e mais sangrentas. Hamas nega ser responsável, mas mesmo que o fizesse, seria pior. Soaria como um sinal de que o Hamas não pode efetivamente controlar o território que procura dominar.

Além dessa crônica de guerra – que com suas idas e vindas já dura décadas e pode continuar indefinidamente, deixando para trás um rastro de lágrimas e sangue em ambos os lados, - é necessário se perguntar o que podemos fazer para mudar essa situação. A resposta não é fácil, mas existe. É, finalmente, deixando para trás uma política para o Oriente Médio com base em um saldo estéril de equilíbrios militares é necessário apontar para os grandes projetos conjuntos de desenvolvimento, através do qual a paz não é apenas desejável, mas também adequada para todos os envolvidos.

(Páginas Digital)