A santidade é para todos
Na primeira noite do Rio Encontros é colocado a tema a beleza da santidade. Testemunho da vida dos cariocas Odetinha e Guido SchäfferNa noite de quinta-feira, 08/10, na Igreja Nossa Senhora do Carmo, localizada no Centro do Rio, teve início a segunda edição do Rio Encontros, um evento cultural gratuito contendo palestras, música e exposições. Este ano, o tema escolhido foi: “O destino do homem é a beleza”, sendo o objetivo destes quatro dias de evento, que encerra-se domingo 11/10, o de fazer com que as pessoas através das atividades organizadas reconheçam a beleza no dia-a-dia e o verdadeiro sentido da vida: Cristo.
Após a missa de abertura, a professora de História da Arte da UNIRIO, Márcia Valéria Teixeira Rosa, exibiu um vídeo apresentando seu projeto de visitas mediadas a Igrejas do Rio, o qual fazia um tour por meio de fotos, encantando a todos devido ao conjunto de arquitetura belíssimo. Em seguida, o microfone foi passado a Gabriel Cruz, presidente do Centro Cultural Fato e Presença, organizador do evento. Ele deu as boas vindas aos cerca de 100 participantes e iniciou os trabalhos da primeira palestra “A Beleza da Santidade – As histórias de Odetinha e Guido Schäffer “. Nesta ocasião participaram Dom Roberto Lopes, OSB, vigário episcopal para a Vida Consagrada e responsável pelos processos de candidatos à Causa dos Santos na Arquidiocese do Rio; Padre João Claudio Loureiro do Nascimento, Pároco da Capela N. Sra. de Fátima (Niterói); e padre Jorge Luiz Neves Pereira da Silva (padre Jorjão), vigário paroquial da Igreja Nossa Senhora da Paz, em Ipanema.
Padre João Cláudio iniciou falando sobre a vida de Odette Vidal Cardoso, a Odetinha, ressaltando que a santidade é para todos nós. “Apesar de sua fama, conheci Odetinha apenas no dia 10 de dezembro de 2011 quando comecei a trabalhar na montagem do seu processo de beatificação. E me encantei primeiro por aquele olhar. Olhar comovente, tão apaixonado por Cristo, pela vida”. Odetinha foi uma criança carioca que faleceu com 9 anos de idade, no dia 25 de novembro de 1939, tendo desde então fama de santidade. Durante estes anos seu túmulo, primeiro no cemitério São João Batista e atualmente na Basílica de Nossa Senhora da Conceição, em Botafogo, recebeu milhares de seguidores com agradecimentos por graças recebidas. Padre João Cláudio nos contou que ela era filha de portugueses católicos imigrantes, e que mesmo diante de muitos problemas vivia a positividade em Jesus. “Desde a sua primeira comunhão, aos 7 anos, até o momento de sua morte, queria ter Jesus com ela. Com saúde frágil, sempre conviveu com a limitação, mas a aceitava. Este era um trampolim para o relacionamento com o Senhor. Morava em Botafogo e ia à missa todos os dias na capela. E isso impressionava devido a sua idade, uma menina de 8, 9 anos. Ela tinha uma preocupação com os pobres, servia, se colocava no lugar do outro. De quinze em quinze dias costumava visitar um orfanato, mas, antes de brincar com as crianças rezava de joelhos por uma hora”.
Padre Jorjão que conheceu e conviveu com Guido Schäffer contou a história do amigo “tipicamente carioca”. “Eu brinco que Guido era muito ‘perigoso’ porque tinha um vírus que contagiava as pessoas. Elas ficavam apaixonadas por Deus quando estavam perto de Guido”. Médico, surfista e seminarista, Guido faleceu aos 34 anos, no dia 1º de maio de 2009 quando surfava. O mar era sua grande paixão. Sua fama de santidade logo se espalhou e em 17 de janeiro deste ano a Arquidiocese do Rio de Janeiro abriu solenemente seu processo de beatificação. Padre Jorjão contou que desde pequeno Guido queria salvar vidas. Quando criança quis ser salva vida na praia, depois se tornou médico e entendeu o chamado ao sacerdócio. “Guido buscava a santidade no cotidiano, nos pequenos gestos. Ele tinha o vírus de Deus. Contagiava as pessoas com seu sorriso, alegria e palavra de Deus que conhecia muito bem. Quando morreu estavam lá pessoas de todas as classes e origens rezando por aquele jovem repleto de alegria”.
Para finalizar o encontro, Dom Roberto falou sobre a provocação de São João Paulo II, que afirmou que o país precisava de santos, de “santos de calça jeans”. Por isso, a pedido de Dom Orani, Cardeal do Rio de Janeiro, Dom Roberto e sua equipe dedica-se a trabalhar na causa dos santos cariocas. Ele afirmou que existem quatro processos em curso no Rio de Janeiro: Madre Maria José de Jesus, o casal Zélia e Jerônimo, Odetinha e Guido. “Exemplos de santidade no convento, na família, na menina, no jovem. A santidade ocorre no cotidiano. O santo é o homem verdadeiro porque adere a Deus. Todos aqui notamos que a característica de todos os santos é o desejo de agradar somente a Deus”.
Encerrada a palestra foi dada a palavra ao público para perguntas e esclarecimentos. E todos saíram provocados pelas histórias e testemunhos desta noite. Voltaram para casa com o desejo de também seguir os passos de Odetinha e Guido, o que padre Jorjão reforçou ser possível: “Faça bem o que você faz. A santidade é fazer do ordinário o extraordinário, nos pequenos gestos, nas pequenas coisas. Dê o seu melhor em tudo o que você faz. Viva cada dia como se fosse o primeiro, o único e o último da sua vida”.
Visite o site do evento e confira a programação completa: www.rioencontros.org.br.