Painéis da Mostra durante a exposição.

Portas abertas no Canadá

Em Montreal, a exposição sobre a vida de Dom Giussani. Uma ocasião de encontros com todos que se deixam tocar
Paola Ronconi

Silvia é italiana e há vários anos vive em Montreal, no Canadá, onde exerce o trabalho de bióloga. Foi também graças a ela que a catedral da cidade abrigou, por um fim de semana, a Mostra de Dom Giussani “Da minha vida à vossa”.

Marie-Reine-du-Monde é uma igreja grande, consagrada no final do século XIX. Tem a particularidade de ser uma cópia, em escala reduzida, da igreja de São Pedro, de Roma (incluída a estátua do Santo) e tem, logo depois das colunas, um átrio longo e estreito. Silvia propôs montar a exposição na entrada da igreja, mas padre Alain, o pároco, disse: “Não, ali é muito escuro”. Resultado: “Poderíamos colocar os painéis em inglês e francês dentro da igreja, numa capela lateral”.

Não houve grandes multidões se aglomerando diante dos painéis, mas muitos visitantes discretos e solitários. Cada qual com sua história e sua curiosidade diante daquele desconhecido sacerdote italiano.

Silvia conta: “Havíamos organizado um grupo de guias, de modo que sempre houvesse alguns de nós presentes e nos aproximávamos do visitante propondo explicações”. Como com aquela senhora que deu uma volta rápida e parou diante do painel com aquele trecho do Evangelho que conta da viúva de Naim, seguindo o funeral do filho – “Não chores!”, lhe diz Jesus. “Eu me aproximo, mas ela logo diz: ‘Não, prefiro ler eu mesma’. Seus olhos brilham, pega o celular e tira uma foto do painel”.

Samantha explica a Mostra a uma freira. “Esta conta que viveu durante 40 anos na Tunísia. Tem um sorriso radiante. Está preocupada principalmente com os jovens; aqui estamos na segunda geração de filhos não batizados; mas, me diz que, vendo gente que propõe ‘uma vida’ assim, está segura de que este país pode conseguir”.

Durante o dia, a catedral hospeda muitos “sem teto”. Um deles, durante o turno de Silvia, se aproxima para ler. Tem um aspecto um tanto esquisito. “O que faço, fico perto?”, ela se pergunta. Logo, porém, percebe que é inútil propor servir-lhe de guia: é surdo-mudo. A um dado momento, ele se afasta correndo. Vai até a entrada da igreja, pega um daqueles envelopes para as ofertas, pede uma caneta e se põe a copiar a frase do painel em que Dom Giussani está ajoelhado diante do Papa João Paulo II: “O verdadeiro protagonista da História é o mendicante...”.

“Falar às pessoas sobre Dom Giussani significa falar de mim mesma”, diz Cristina. “Da minha vida à vossa vida! Falar dele e, portanto, da minha experiência no encontro com ele, do porquê estou no Canadá”.

Silvia continua: “Mas é interessante observar o que toca a pessoa. O ponto em que Jesus nos alcança é diferente para cada um”. Basta deixar a porta aberta.

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