Macerata-Loreto 2018. A mensagem de Carrón
«Procuramos com o desejo de encontrar, e encontramos com o desejo de procurar ainda». As palavras do presidente da Fraternidade de CL para a 40ª peregrinação que acontecerá na noite entre 9 e 10 de junhoCaríssimos, começar a peregrinação com esta pergunta − «O que procuram?» − une todos vocês, que caminham em direção à Santa Casa de Loreto. Com efeito, todos procuramos. «Procuramos com o desejo de encontrar, e encontramos com o desejo de procurar ainda», dizia o grande Santo Agostinho. E isso ocorre justamente porque nós somos sede de vida, e não nos contentamos até termos encontrado aquilo que a satisfaz. Podemos fazer de tudo para fazer calar o coração, podemos até pensar que estamos errados por nunca estarmos satisfeitos com aquilo que encontramos, mas, pelo contrário, esse é precisamente o sinal da nossa grandeza.
No meio de vocês, há muitos que já encontraram o Rosto que procuravam, mas não ficaram parados, com efeito, continuam a procurá-Lo para viver uma familiaridade cada vez mais profunda com Jesus. É isso que nos faz olhar para quem quer que encontremos como companheiro de caminho. Dizia Dom Giussani: «A grandeza da fé cristã, sem nenhuma comparação com qualquer outra posição, é esta: Cristo respondeu à pergunta humana. Por isso têm um destino comum os que aceitam a fé e a vivem e os que, não tendo fé, se afogam na pergunta, se desesperam na pergunta, sofrem na pergunta». Por isso a peregrinação é uma grande ocasião de testemunho para os que chegam.
Imaginem como devem ter se sentido João e André naquele dia: procuravam João Batista e encontraram Jesus. Seguiram-n’O. Ele poderia tê-los ignorado, e em vez disso, fez-lhes aquela pergunta à queima-roupa: «O que procuram?», que fazia vir à tona o seu coração. Aquele desconhecido interessava-se por eles! Naquele momento, compreenderam o que procuravam. Mas a sua fome e sede de vida não se extinguiram, tornaram-se fome e sede d’Ele. Por isso O seguiram até a casa e, no dia seguinte, acordaram com uma vontade louca de rever Jesus.
O maior desafio com o qual um homem se pode pôr à prova é o de conquistar o significado da própria vida. «Aceitam o desafio?», perguntou o Papa aos jovens. Não pensem que são necessários dotes especiais, uma inteligência superior à média ou um esforço hercúleo para enfrentá-la. Basta uma só coisa, ao alcance de todos: sermos simples de coração, como uma
criança.
E, no entanto, quantas vezes ouvimos dizer: «Eu não sou ingênuo como uma criança» por parte de adultos que julgam saber como são as coisas e, por isso, já não procuram, pensando que já são grandes. Mas ao fazer isto, perdem o melhor, porque permanecer na atitude original em que somos criados, com os olhos escancarados diante do real – precisamente como as crianças −, é a condição para nos tornarmos verdadeiramente grandes. Por quê? Porque só esta simplicidade permite ver e reconhecer aquilo que corresponde à própria procura.
Quem não gostaria de olhar constantemente para a pessoa amada com o maravilhamento da primeira vez, como uma dádiva tão desejada quanto imprevista? Esta simplicidade deve ser recuperada todos os dias, não é óbvio permanecermos crianças quando crescemos. É em um caminho que cresce a consciência da iniciativa de Deus na nossa vida, que sempre nos precede, como diz o Papa Francisco.
Por isso, desejo-lhes que sejam companheiros de caminho nesta noite, e, sobretudo, em todos os dias que lhes esperam, armados apenas com o seu coração que não cessa nunca de procurar o Amigo. E quando O encontrou, continua a procurá-Lo para conquistar aquela familiaridade única que muda o olhar sobre a vida.
Peçam a Nossa Senhora que lhes dê um coração de criança, sempre alerta, para captarem os sinais d’Aquele que nunca se cansa de vir à nossa procura.
O seu companheiro de caminho
padre Julián Carrón
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