Vivemos semanas nas quais as escolhas políticas dominam qualquer tipo de conversa e com qualquer pessoa, postagens nas redes sociais, debates televisivos e as primeiras páginas de todos os jornais. O que se percebe fora e dentro de nós é muitas vezes confusão e medo. Porém, no encontro do dia 18 de setembro promovido pela Companhia das Obras (CdO), em São Paulo, ao escutar Marcos Zerbini e Valéria Lopes, candidatos a deputado estadual respectivamente em São Paulo e no Rio de Janeiro, descobrimos que o que pode ajudar a política é o impacto com o real. Mais realidade e menos ideologia.

Numa noite que reuniu mais de 75 pessoas presentes e quase 900 pessoas conectadas on-line de várias cidades do Brasil, nos impactou o testemunho de pessoas mudadas que entraram e trabalham na ação política, respondendo a uma solicitação da realidade. «Nestes mais de 30 anos de vida social e política descobri que a questão é a capacidade de amar. O que importa é que a vida esteja a serviço de Cristo», disse Marcos. «Para mim, desde o início foi um responder a uma provocação que chegava através de amigos e que no contexto atual não pude ignorar», nos contou Valéria. Ambos demonstrando que para encarar grandes desafios é preciso viver uma grande Certeza.

Uma das surpresas da noite foi perceber um ambiente de liberdade e familiaridade no qual foi possível colocar as perguntas que cada um carregava consigo, até aquelas mais desafiadoras. Perguntas essas que permitiram chegar a um nível de humanidade, verdade e concretude das respostas que nos ajudou a enxergar quais critérios levar em conta nas nossas escolhas. Nesse sentido, aprendemos que diante do pleito eleitoral é essencial votar com a própria consciência, apesar dos cenários, e escolher quem tenha capacidade de dirigir o país dando preferência, pelo menos no primeiro turno, a quem possa dialogar com todos. Ficou também evidente que a atuação numa realidade específica e concreta é a possibilidade mais incidente de mudar o real e construir o bem comum. Assim nos testemunhou Marcos, através da aprovação de duas leis que inicialmente beneficiaram o público atendido pela Associação dos Trabalhadores Sem Terra de São Paulo, e que se tornaram depois políticas públicas e leis estaduais e federais.

Entendemos que o momento foi um passo de um caminho que cada um pode e precisa fazer nestas semanas e, ao mesmo tempo, a possibilidade de começar a ver um sujeito em ação, tanto que recebemos várias mensagens de pessoas agradecidas e desejosas de aprofundar mais, como alguns exemplos que citamos aqui: «Para mim, percebo que o maior milagre que possa existir é ter um coração aberto, disponível ao que acontece. Sempre fico pedindo que eu e todos aqueles que estão envolvidos possamos identificar como Cristo acontece. Esta é a primeira coisa. Depois, me marcou demais entender – e isso para mim foi novo – que é um privilégio ter alguém assim mudado no meio político. Essa pode ser a maior contribuição para a cidade, estado, nação e mundo. Que uma pessoa mudada esteja lá, no lugar mais corrompido do mundo, é uma coisa de outro mundo. Não podemos e não devemos perder essa oportunidade. Não importa a bandeira do candidato; se antes tem Cristo, essa é a única possibilidade de construção concreta», nos escreveu Olavo. Ou ainda o comentário de Giovanna, que nos diz: «Fiquei comovida demais. Comovida porque o olhar do Marcos e da Valeria é para mim a possibilidade que descreve Carrón quando conta daquela criança que, diante do acidente de carro, olhava para o pai para ver como ele estava diante do acidente que ela não conseguia ver direito e entender. Eu me senti assim! Olhando através dos olhos e da vida dos nossos amigos. Impossível olhar para eles e não fazer experiência de uma esperança e de uma liberdade impensáveis. O mundo inteiro está buscando isso. O mundo inteiro diante da política está esperando um olhar como o deles. Que só Cristo nos dá». Recebemos também um comentário do nosso amigo Francesco: «Fiquei agradecido pela oportunidade de ser tão provocado. É essencial ter momentos educativos à vida política (no sentido amplo) e social, porque nos ajudam a desenvolver um senso crítico e sair da mentalidade comum. As muitas perguntas manifestaram uma necessidade de se envolver, de entender, até de errar, mas de estar».

Para seguir neste caminho, pessoal mas não solitário, e com o desejo de não perder a beleza deste momento histórico, propomos um panfleto com algumas perguntas para aprender o uso da razão através das circunstâncias que nos alcançam. Boa aventura!