Encontrar e conversar com um amigo maior que nos conhece até o fundo é sempre uma experiência preciosa. Principalmente quando, como ocorre na acolhida, a vida é desafiada, e a exigência de significado, de sermos educados e sustentados, se torna mais urgente.
Para nós, encontrar padre Julián Carrón nestes anos foi isto: uma grande ocasião para experimentar a sua paternidade e condução, numa relação que marcou o nosso caminho e apoiou os nossos passos.

Este ano, por videoconferência, foi possível fazermos junto com ele um momento para o qual foram convidadas todas as famílias que se envolveram com decisão e responsabilidade da nossa história; um encontro em que aprofundamos o tema que, como associação, estabelecemos para nos acompanharmos no caminho deste ano: “Tu, surpresa em minha vida. Na acolhida, a audácia de um encontro”. Pedimos às famílias da nossa associação que formulassem algumas perguntas sobre o que mais nos urge hoje. Chegaram muitas contribuições. Algumas delas estão contidas no texto do diálogo feito nessa noite com Carrón. Outras, apenas em italiano, foram incluídas nos apêndices do livreto italiano. Todas são sinais de um trabalho, que muitos fizeram, de uma espera em relação a este momento, do desejo de seguir os passos sugeridos.

Na experiência da acolhida, o encontro com a ferida das crianças que entraram nas nossas casas e viraram filhos (essa dor que dividimos com eles e que às vezes recai sobre nós), põe em evidência o mistério da liberdade deles – e nossa –, a dificuldade e a necessidade de perdoar e de ser perdoado, a dor pelos nossos limites e erros.

Tudo isso nos desafia e abre um caminho: «Que quer dizer olhar para esse filho que nos confiaram a partir daquilo que o Senhor faz acontecer?», «Como manter essa posição tão bonita que me faz viver a vida com letícia, embora cheia de dificuldades?», «O que esses fatos têm a ver com o meu desejo de felicidade?». Essas foram algumas das perguntas que aparecem nessas páginas e que marcam a nossa vida.