A busca de Saroo

Uma criança de 5 anos se perde, entrando num trem errado na imensa Índia: perderá a família, será adotada, mas manterá sempre o desejo de reencontrar as próprias origens
Antonio Autieri

Saroo é um pequeno indiano de cinco anos que vive em um vilarejo muito pobre com a mãe, um irmão mais velho e uma irmãzinha. O irmão é a sua referência, segue-o por todos os lugares enquanto ele tenta arrumar algum dinheiro para a família, de maneira mais ou menos lícita. Para Saroo, são aventuras fantásticas. Numa noite, porém, o sonho termina: o irmão o deixa em uma estação ferroviária com a promessa de voltar assim que terminar um “trabalho”. Mas, quando Saroo acorda, sozinho e assustado, sobe no primeiro trem que vê.

Acabará em Calcutá, muito longe de casa, numa metrópole enorme e caótica sem ter mais uma família, que não sabe onde encontrá-lo. E sem saber explicar a quem o encontra de onde vem, visto que não fala bengalês. Acaba indo para um orfanato e é adotado por um casal australiano, que o acolhe e o ama. Depois do primeiro impacto traumático, com o passar tempo torna-se cada vez mais sereno, porém, tem outro irmão adotivo, que chegou depois dele, bem mais problemático. No entanto, vinte anos depois, as imagens da sua infância e o desejo de conhecer as próprias origens explodem novamente, abrindo caminho para uma busca aparentemente impossível.



Baseado em um romance autobiográfico de Saroo Brierley, Lion – Uma jornada para casa possui os méritos e os defeitos de tantos filmes análogos: a história verdadeira e incrível emociona, sem dúvida, mas há também o risco da “chantagem” emocional. E se o protagonista (fantástico), Dev Patel, parece associado a certas produções “edificantes” – como de O Milionário e de O Homem Que Viu o Infinito –, há muitos aspectos seguramente sinceros: a descrição realista da pobreza do contexto onde Saroo nasceu, seu olhar perdido e assustado, a bela família que o acolhe (a excelente Nicole Kidman em um de seus papéis mais tocantes). Com um final que fecha o círculo de modo belo e verdadeiro. Talvez não seja uma obra prima, mas é um bom filme, daqueles que – com algumas concessões retóricas – contam uma história que vale a pena ter descoberto.

(texto traduzido do site Il Sentiere del Cinema)