(Foto: Wikimedia Commons)

Tauran. «Um homem agarrado por Cristo»

«Sempre nos deu testemunho de que a certeza da fé permite ir ao encontro de todos os nossos irmãos homens». A recordação do cardeal francês publicada sábado, 7 de julho, nas páginas do jornal italiano Avvenire
Julián Carrón

A notícia da morte do Cardeal Jean-Louis Tauran encheu-me de dor pela perda de um pai e de gratidão a Deus pelo dom da sua vida.

A letícia que sempre víamos no seu rosto era o sinal mais evidente de um homem agarrado por Cristo, que avançava com uma atitude positiva em qualquer situação. Sempre nos deu testemunho de que a certeza da fé permite ir ao encontro de todos os nossos irmãos homens, como aconteceu na sua última viagem à Arábia Saudita, onde provocou espanto e admiração em tantos muçulmanos, com os seus gestos e as suas palavras desarmadas: «Diante da crise cultural que transformou o mundo e a diminuição de pontos de referência, o encontrarmo-nos, falarmos, conhecermo-nos, construirmos alguma coisa juntos é um convite ao encontro com o outro, que significa também descobrimo-nos a nós mesmos». Em todas as circunstâncias, o seu juízo era sustentado pela segurança de que só Cristo salva o homem e realiza a, de outra maneira impossível, unidade entre as pessoas, num abraço que sabe reconhecer e valorizar tudo aquilo que de verdadeiro, bonito e bom existe em todas as pessoas.

O seu serviço à Santa Sé permitiu verdadeiramente iniciar processos e construir pontes, na fidelidade ao magistério do Papa Francisco, pelo qual gastou a sua vida, ganhando-a para a eternidade. Que o Deus da misericórdia recompense o serviço único que prestou aos Papas e à Igreja, dando-lhe aquela paz que só se encontra no abraço de Cristo tudo em todos.



Nestes anos, o movimento Comunhão e Libertação gozou da sua amizade, das suas intervenções e dos seus conselhos preciosos, que acompanharam com inteligência e realismo a nossa presença no mundo. Em particular, eu encontrei sempre nos diálogos com o Cardeal Tauran a confirmação de que a fé gera um protagonista novo na cena do mundo, que pode dar um contributo original também numa sociedade líquida como a actual, graças ao único recurso que tem à sua disposição: o testemunho, oferecido a todos, sem excluir ninguém.

Recordo-me de que durante um encontro nosso disse: «Como disse o Papa Francisco, sem um ponto de apoio nalguma coisa essencial, nós não poderemos evitar assustarmo-nos diante dos novos desafios. E para nós, esta coisa essencial não é mais nada senão Cristo». É Ele o verdadeiro protagonista da história, e nós estamos verdadeiramente gratos ao Cardeal Tauran por nos ter recordado constantemente isso.

Obrigado.