Passos N.101, Fevereiro 2009

Um Amigo que lhe diz: “Olhe!”

“Qualquer que seja a crise, a primeira pergunta que surge é ‘quem somos nós?’”. Foi o que escreveu há pouco Bernhard Scholz, presidente da Companhia das Obras, numa carta à diretoria da entidade, com 34 mil obras, as quais também sofrem as consequências dos tempos duros que vivemos. Ele tem razão. Para além dos problemas de balanço ou de salário – ou melhor, dentro deles –, a crise apresenta-se sobretudo como uma oportunidade. “Um teste para a educação que estamos recebendo”, disse Julián Carrón em recente encontro com alguns responsáveis de Comunhão e Libertação: “Podemos ver se a fé é capaz, de fato, de dar uma contribuição para enfrentarmos a vida, se somos capazes de permanecer de pé frente a uma situação como essa”. Se alguém se descobre livre, capaz de respirar a plenos pulmões, numa palavra, se se considera vitorioso mesmo em tal situação, é porque está seguro da experiência que vive, plena de significado.
A experiência é o lugar da verificação. Não basta que a doutrina sobre o trabalho seja correta quando a gente perde o emprego. É preciso ter os pés firmes sobre um terreno sólido. O que está em questão não é nem mesmo a capacidade técnica, a competência, o “saber fazer”: alguém é realmente competente se sabe enfrentar a vida, se dá testemunho de que há um modo mais humano de enfrentar situações difíceis. Experiência e testemunho é isso. Algo que pode ser visto. E que, por isso, diferentemente dos discursos, ajuda a todos.
Com esse plano de voo, percorremos as vielas de Nápoles, onde encontramos uma experiência que se mostra vitoriosa mesmo numa situação complicada. E depois fomos a Washington, onde a crise é violenta, mas também lá encontramos pessoas que testemunham a mesma possibilidade. Prosseguiremos a caminhada nos próximos meses. À procura de fatos – e testemunhos – que ajudem a todos.

O que estão folheando é uma Passos um pouco diferente.
Não é nenhuma revolução. Não haveria necessidade. Além do mais, era preciso continuar seguindo a estrada traçada desde que a revista existe e que, nos últimos anos, ficou cada vez mais clara, além de rica. Passos informa, explica, aprofunda. Procura “avaliar tudo e valorizar”, reconhecendo o bom e o verdadeiro que se encontra em tudo o que chega, não importa de onde venha. Também conta a experiência cristã de Comunhão e Libertação, oferecendo como contribuição à vida de todos – e colocando a serviço da Igreja – aquilo que nasce do carisma de Dom Giussani. Definitivamente, é o instrumento de um percurso educativo. “Um olhar que educa ao real”, como diz o slogan, cada vez mais atual, que acompanha a revista. O novo formato serve, antes de mais nada, para isso. Quer ajudar a ler e a olhar, tornando tudo um pouco mais essencial, para que apareça ainda mais o valor dos conteúdos que, como verão, continuam os mesmos de sempre. Histórias, testemunhos, a vida e os juízos do Movimento. E os instrumentos de trabalho que acompanham este caminho. Se os retocamos foi apenas para acentuar, em última instância, seus objetivos e natureza. Porque, no fundo, Passos é principalmente isso: testemunha de uma experiência. Como um amigo que – com todos os seus limites – foi surpreendido com a imponência com a qual o Mistério opera. E, então, lhe cutuca e diz: “Olhe! Olhe que coisas grandes Cristo está realizando diante de nós. Ajudemo-nos a vê-las até o fundo. A julgá-las”. Ajudemo-nos a conhecê-Lo. Boa leitura!