Passos N.106, Julho 2009

A verdadeira festa

O coração de muitos acelerou já nos Exercícios, escutando ao vivo a frase: “Somente Ele é capaz de realizar este desejo. Por isso, é preciso festejar Cristo, o fato de que Cristo existe!”. Depois, começou o trabalho de retomada, de aprofundamento dos textos dos Exercícios da Fraternidade de CL. As palestras. A assembleia. E o mesmo sobressalto ao se deparar novamente com as palavras de padre Julián Carrón: “Se o critério é apenas aquilo que eu imagino e me agrada, no fim, Cristo torna-se um pensamento que eu imagino e me agrada mais, ou menos; não é Aquele que torna possível a correspondência da qual falava Dom Giussani, a única verdadeira correspondência, aquela que é impossível ao homem se não O encontra. Por isso é preciso celebrar Cristo, festejar Cristo”. E mais: “Nosso coração é esse desejo, mas nós somos limitados e tudo o que fazemos é pequeno, é limitado, é incapaz de satisfazer esse desejo de infinito. Por isso, ou Cristo existe (Alguém que vem de fora e enche o coração) ou podemos começar a chorar, porque aquilo que desejamos não existe. Eis porque somente pode festejar Cristo quem entende qual é a natureza infinita do desejo. Alguém como Leopardi, como Santo Agostinho, como a Samaritana...”.

Festejar Cristo, porque Ele existe.E responde ao nosso coração. “Enquanto não nos damos conta disso, não podemos entender a graça que é termos encontrado Cristo; não ficamos maravilhados pelo fato de que Alguém teve piedade do nosso nada e nos deu esta graça, absolutamente inesperada, que nenhum de nós merece e muitos homens procuram às apalpadelas. Nós recebemos a graça, mas muitas vezes é como se não a tivéssemos recebido”. Verdade. Até a raiz. Chegando até aquele mal-estar que sentimos por dentro assim que nos damos conta disso. Podemos ter encontrado Cristo. Podemos ser abraçados por Sua companhia. Podemos tê-Lo diante sempre, continuamente, em pessoas e momentos de pessoas que o tornam contemporâneo, carne e sangue da nossa vida. E pode não passar por nossa cabeça a ideia de “fazer festa”.

No entanto, é este o método: Ele próprio. Possuindo-O, “não vos falta mais nenhuma graça”, como dizia São Paulo. Basta apenas que o coração pulse, que o humano não esteja adormecido na anestesia para que a vida se torne exatamente assim: uma letícia contínua. Uma correspondência contínua com uma Presença tão infinita, ampla e profunda quanto o nosso desejo infinito. E uma estrada, um método. Porque, o bonito é que cada instante da vida pode tornar-se uma festa. Cada circunstância: o trabalho e a família, o cansaço ou a política, a louça para lavar ou o panfleto entregue a um amigo. Todas, ocasiões para se dar conta da Sua presença. Para festejar Cristo, e nossa proximidade com ele. Todas, até aquelas difíceis, em que pareceria impossível dizê-lo, pois quem se empenha com as circunstâncias é desafiado a verificar essa correspondência. E, de fato, para quem vive desse modo, em qualquer resultado, mesmo que aquela circunstância não mude, a pessoa pode continuar a fazer festa, mais certo e contente que antes. A verdadeira festa.