Passos N.165, Dezembro 2014

Os degraus e a estrada

Foi em outubro de 1954 que um jovem sacerdote italiano deixou uma proeminente carreira de teólogo no Seminário de Venegono, para subir os degraus de uma escola de Milão, o Liceu Berchet. Tinha “o coração pleno com o pensamento que Cristo é tudo para a vida do homem, é o centro da vida do homem” e estava entusiasmado por um desejo: “Poder ajudar os jovens a redescobrir os termos de uma fé real”.
Aquele sacerdote era Luigi Giussani. E aqueles degraus, de certo modo, eram os primeiros passos do movimento que nascerá justamente naquelas salas de aula, daqueles jovens fascinados por um desafio lançado desde a primeira hora de lição: “Não estou aqui para que vocês considerem como suas as ideias que eu lhes transmito, mas para lhes ensinar um método verdadeiro para julgar as coisas que lhes direi. E as coisas que lhes direi são uma experiência que é o resultado de um longo passado: dois mil anos”. Um método. Ou melhor, uma estrada. Um caminho que levasse a descobrir “a pertinência da fé às exigências da vida”, porque, ou a fé ajuda a viver, ou não serve.

Passaram-se justamente sessenta anos. Em fevereiro completa-se dez anos da morte de Dom Giussani. A dupla recorrência foi o ponto de partida que deu origem ao vídeo que está sendo ofertado com este número de Passos. O ponto de partida, apenas, pois o objetivo deste documentário não é a celebração de uma história e muito menos de nós mesmos. É um maravilhamento cheio de gratidão pelo que existe agora, e que não é nosso. É de Deus. Tanto que nós fomos os primeiros que ficamos surpresos e fascinados ao assistir àquelas imagens, ricas de rostos e situações, algumas das quais conhecemos há muito tempo.

O que é CL? É inevitável que muitos dos nossos leitores, sobretudo quem participa do Movimento há tanto tempo, tenha uma ideia. Outros, talvez quem está lendo esta revista pela primeira vez, não saiba do que se trata. Bem, o vídeo mostra bem o que é. Viajando por diferentes lugares e situações muito distantes entre si, desde as estepes do Cazaquistão até os arranha-céus de Nova York, das favelas da Uganda aos subúrbios de Taiwan, faz entender o que Dom Giussani queria dizer quando falava que “em uma sociedade como esta não se pode criar algo novo se não com a vida”. Mostra porque o Movimento não são as obras, a política, as iniciativas da organização... É, justamente, uma vida, uma estrada. Aliás, uma bela estrada, porque é possível percorrê-la acompanhados por Cristo agora.
É esta a contribuição que, com todos os nossos limites e pobreza, oferecemos ao mundo. Com o desejo de poder fazer esta estrada juntos. Histórias que são exemplos de que aquela noite de Natal – quando a presença de Deus se fez carne – passa através de vidas e rostos. E preenche a história, para preencher a nossa vida, agora. Feliz Natal.