Passos N.173, Setembro 2015

Uma consciência da própria dignidade

No ponto central da Laudato Si’, a mais recente carta encíclica do Papa Francisco, encontramos uma pergunta fundamental entre as tantas questões decisivas tocadas pelo Papa Francisco: “Que tipo de mundo queremos deixar a quem vai suceder-nos, às crianças que estão crescendo?”. Esta pergunta não “toca apenas ao meio ambiente de maneira isolada”, especifica o Pontífice, “porque não se pode por a questão de forma fragmentária. Quando nos interrogamos acerca do mundo que queremos deixar, referimo-nos, sobretudo, à sua orientação geral, ao seu sentido, aos seus valores. Se não pulsa nelas esta pergunta de fundo, não creio que as nossas preocupações ecológicas possam alcançar efeitos importantes”.
Mas, se esta pergunta “é posta com coragem”, continua o Papa, “leva-nos inexoravelmente a outras questões muito diretas: com que finalidade passamos por este mundo? Para que viemos a esta vida? Para que trabalhamos e lutamos? Que necessidade tem de nós esta terra? (...) Exige-se ter consciência de que é a nossa própria dignidade que está em jogo. Trata-se de um drama para nós mesmos, porque isto chama em causa o significado da nossa passagem por esta terra”.

O fascínio das coisas, como “uma presença que se me impõe” , como expressava Dom Giussani, é o primeiro fio condutor que encontramos na Laudato si’. Assim, a gratidão deveria orientar a conduta humana em seu encontro com a natureza e com os que mais sofrem. É por isso que nos interessam os irmãos do Oriente Médio, que padecem há meses com violentas perseguições pelo simples fato de serem cristãos. Nesse mês damos voz ao apelo de Dom Mario Zenari, Núncio apostólico na Síria.

Outro destaque, nesta edição de Passos, são os testemunhos, como o dos amigos de Fortaleza, que organizaram uma mostra sobre o Santo Sudário, ou dos jovens e adultos que participaram dos momentos de férias propostos pelo Movimento no final de julho. Testemunhos que exemplificam o que padre José Medina, diante dos desafios da sociedade atual, afirma com grande lucidez: “Hoje, como nos tempos dos romanos, a fé se difunde como resultado do encontro com pessoas que vivem de uma maneira inesperada, mas fascinante, que não é resultado de uma ação política ou militar. (...) A força do anúncio cristão é capaz de renovar o homem e levá-lo a descobrir uma plenitude de vida, prescindindo das circunstâncias favoráveis ou adversas”.