Passos N.178, Março 2016

Hoje, para você

Neste mundo tão atormentado de hoje, que contribuição nós, cristãos, podemos dar ao? Porque, de muitas maneiras, o tormento está diante dos olhos de todos e na vida de todos. Toma a forma daquilo que acontece nos grandes cenários: o terrorismo, a “guerra mundial travada por partes”, o despedaçar de pontos fundamentais da sociedade como a família. Ou do peso que percebemos nos problemas pessoais, nas dificuldades cotidianas vividas em casa, no trabalho, na escola, que em certos momentos nos parecem sufocantes.
Assim, muitas vezes pensamos que a realidade – sobretudo quando se torna áspera – não é feita para nós, não carrega nada de bom para nós. Sentimos um desejo de felicidade que não se extingue, uma ferida aberta, um buraco que nos leva a buscar sempre, mas não encontramos nada que o preencha realmente, até o fundo. E então acabamos acreditando que também nosso coração esteja destinado ao nada.

Como o cristianismo responde a esse nada? Como me ajuda, e portanto, ajuda o mundo – pois não há ajuda que possamos dar aos nossos irmãos homens que não passe pelo nosso “eu”? Com uma análise mais aguda da situação, com algumas iniciativas a mais?
Essa pergunta é o fio condutor desse número de Passos. E a desenvolvemos seguindo o caminho indicado por Dom Giussani, fundador de CL, falecido em fevereiro de 2005. Em uma palestra proferida em 1994, num dos momentos mais agudos de uma vida inteiramente dedicada a anunciar a milhares de jovens que há um caminho – Cristo, presente aqui e agora, como há dois mil anos –, ele dizia: “Não foi ontem, é hoje, para você, qualquer que seja a posição que você tenha”. Não uma coleção de ideias ou de preceitos, mas um rosto para ser reconhecido. Onde e como? Na realidade, nas vidas mudadas daqueles que O seguem. Podemos ver isso nos testemunhos que serão lidos mais adiante.

Por fim, como todos os anos, Comunhão e Libertação propõe uma imagem artística e um texto como ajuda a viver a Santa Páscoa. Isso tem a vantagem de fazer reconhecer a verdade através do belo, de provocar o coração e de fixar, em poucas palavras que se fixam na memória, a “questão fundamental” para guardar no coração e verificar na experiência. Neste ano, a imagem é uma foto de Jesus e a mulher adúltera, esculpida na Catedral de Chartres, na França. A seguir as duas frases:
“A fragilidade dos tempos em que vivemos é também esta: acreditar que não existe a possibilidade de redenção, alguém que nos dá a mão que nos levanta, um abraço que nos salva, perdoa, anima, que nos inunda de um amor infinito, paciente, indulgente; que nos coloca de novo nos trilhos. Quando se experimenta o abraço de misericórdia, quando nos deixamos abraçar, quando nos deixamos tocar; então a vida pode mudar, porque procuramos responder a este dom imenso e surpreendente, que aos olhos humanos pode até parecer ‘injusto’, por ser tão grande.” (Papa Francisco)
“Quando o centurião viu Jesus; quando a samaritana sentiu-se olhada e descrita em tudo; e quando a adúltera ouviu: ‘Nem eu te condeno, vai e não erres mais’; quando João e André viram aquele rosto fitá-los e falar-lhes: foi um mergulho na sua presença. Mergulhar na presença de Cristo, que nos dá a sua justiça, olhar para Ele: essa é a conversão que nos muda desde a raiz. Em outras palavras: que nos deixa perdoados. Basta voltar a olhá-Lo, basta voltar a pensar n’Ele, e somos perdoados.” (Luigi Giussani)