Passos N.180, Maio 2016

Na companhia de Francisco

O encontro de Comunhão e Libertação com o Papa Francisco, na Praça de São Pedro, aconteceu há pouco mais de um ano, em 7 de março de 2015. Quando vimos pronta esta edição de Passos, nos damos conta de como aquela não foi uma ocasião isolada. O leitor também poderá constatar a influência do Papa presente nos vários artigos – mesmo quando seu nome não é citado ou é pouco citado.
Como Padre Carrón, responsável mundial pelo Movimento, expressou na carta, publicada nesta edição, em que comenta seu recente encontro com Francisco: “O Santo Padre conhece bem a lealdade com que seguimos a ele e à Santa Sé, e – para minha grande surpresa – logo me agradeceu por isso, no início do diálogo. A audiência foi, antes de tudo, a ocasião para lhe expressar toda a gratidão minha e nossa pela incansável insistência com que nos testemunha a solicitude cheia de misericórdia para com o homem e para com o mundo que nasce da fé em Cristo”.
Papa Francisco – como antes fizeram Bento XVI, São João Paulo II e tantos outros papas – nos convida a viver com mais profundidade e radicalidade nosso seguimento a Cristo. Não se trata, como pensam alguns mais distantes da Igreja, de “inovações” trazidas pelo Santo Padre.

As caritativas – nas quais os universitários servem ao povo simples e descobrem que o sentido de sua vida profissional, a possibilidade real de viver o trabalho com alegria e liberdade, é o serviço ao irmão – são um dos temas abordados nesta edição. Não começaram a ser feitas por causa do Papa Francisco, mas é inegável que suas palavras e seu testemunho nos lançam na caritativa com um olhar e um ânimo renovados. Do mesmo modo, a amizade com Jean Vanier, um dos mais eloquentes testemunhos da misericórdia na história recente da Igreja, cuja vida é apresentada em outro artigo desta edição, não vem de agora – mas é recuperada em sua beleza a partir de Francisco.
Em outro artigo desta edição, são apresentados trechos da apresentação, da Exortação Apostólica Pós-Sinodal sobre a Família, Amoris laetitia, recentemente lançada pelo Papa Francisco, feita pelo Cardeal Schönborn. Nessa ocasião, o Arcebispo de Viena nos mostra claramente como Francisco, a partir da misericórdia e da acolhida, desenvolve e renova a grande tradição do Magistério da Igreja. Sem dúvida, Comunhão e Libertação pode dizer a mesma coisa com relação ao carisma que aprendemos de Dom Giussani – que Bergoglio demonstrou conhecer tão bem: também ele se desenvolve e se renova a partir da luz que brota do testemunho do Papa.

Num encontro com estudantes de escolas jesuítas, em 7 de junho de 2013, o Papa explica o sentido do nome “Companhia de Jesus”, escolhido por Santo Inácio de Loyola para a ordem religiosa por ele fundada. Diversamente do que é dito com frequência sobre os jesuítas, Francisco não pensa “companhia” como uma unidade militar, mas como um grupo que vivia “uma relação de amizade íntima, de um afeto total por Jesus, de quem queriam seguir os passos”.
Nessa perspectiva, esta edição de Passos documenta claramente esse nosso desejo de viver “na companhia de Francisco”.