Passos N. 243, jan/fevereiro 2022

Como aqueles dois

Em Deixar marcas na história do mundo, Dom Giussani diz que uma nova visão do mundo nasce de um encontro excepcional: tudo depende do fato de haver uma presença humana decisiva, da qual “não se possa tirar os olhos”. Fora disso, permanecem esquemas vazios. E corta as muitas reflexões que podem ser feitas: a nova cultura tem seu início “em algo que nos aconteceu”.

Como aconteceu com os primeiros que encontraram Jesus – João e André –, que aprenderam a conhecer de forma diferente e a mudar a si mesmos e à realidade seguindo aquele homem. A chave de volta do método de Deus é hoje e sempre será o que aconteceu àqueles dois, a quem foi feita a pergunta mais simples e ardente: “O que buscais?”. Sem ter se aproximado de um olhar tão apaixonado para a própria necessidade radical, não há começo nem recomeço, para cada dia ou para o ano que começa.

Uma novidade de vida que se torna contribuição para o mundo é possível devido ao “anseio” de que fala Giussani, suscitado pelo “pensamento do amor que Cristo teve por nós”. É um amor que nos permite vivenciar profundamente o drama do coração, que não se satisfaz com as respostas penúltimas: “Você é feliz neste mundo ou precisa de algo mais?”.

O verso da música Shallow, de Lady Gaga, foi o título dos Exercícios Espirituais dos universitários de CL, realizados em dezembro e do qual falamos neste número, junto com as histórias de homens e mulheres que estão imersos no nosso tempo, abraçando-o, porque são abraçados primeiro onde quer que estejam. Há um professor em Uganda que, como os filhos da favela, espera alguém que chegue até o “seu barraco”, e também o Bispo do Cazaquistão que conta sobre a caridade nascida de um encontro. Quando se percebe um quê de felicidade em alguém, você o segue.