Passos N. 263/264, novembro-dezembro/2023

Testemunhas da esperança

No dia 7 de outubro, durante o ataque do Hamas, também estava acontecendo um encontro da pequena comunidade de CL que vive espalhada naquela terra, que hoje já parou de contar os seus mortos. Eles estavam juntos, árabes e israelenses, quando as sirenes romperam a manhã. E a partir daí tudo se precipitou, aprofundando a pergunta sobre quem somos, a quem pertencemos, se há um vínculo fundamental quando tudo se desintegra. Que vantagem há em ganhar o mundo e perder-se a si mesmo?

Não adiantam as palavras, as análises, a avalanche de considerações diante das imagens que chegam a nós. Mas houve um fato diferente do resto. O patriarca latino de Jerusalém, Pierbattista Pizzaballa, disponibilizou-se a entregar-se em troca de crianças israelenses reféns: “Eu estou disponível. Para qualquer coisa. Se isso puder trazer a liberdade delas e levá-las para casa, vocês têm minha disponibilidade absoluta”. De qual experiência nasce um gesto mais radical do que qualquer mal e qualquer injustiça?

Poucos dias antes, ao ser perguntado onde está Deus diante do que está acontecendo, o próprio Pizzaballa respondeu: “A pergunta é: onde está o homem? O que fizemos da nossa humanidade?” E continuou: “Para redescobrir a humanidade, em primeiro lugar temos de olhar para Cristo, que é o homem concreto. Senão ficamos no vago, no abstrato. No entanto, Jesus é uma presença real que muda, que toca nossa vida”.

Provocados por estas questões, este número da Passos dá espaço a testemunhas de esperança neste tempo de guerra. Pessoas que aceitaram compartilhar suas histórias diante da pergunta: como é possível conhecer Cristo de modo que n’Ele possamos apoiar a vida inteira?

São algumas das colocações dos encontros realizados pelo Movimento Comunhão e Libertação com o título “Dia de Início de Ano”, no final de setembro na Itália e em outros países europeus, pois é o período de retomada das aulas após as férias de verão e o chamado “início do ano social”. No Brasil foi chamado Jornada de Outubro, ocorrendo no dia 1/10, e durante algumas semanas também foi realizado em diversas partes do mundo onde CL está presente. Estamos diante de pessoas que contam suas histórias de amizade com Cristo, cada uma com sua “guerra” para viver.

Souzy Hazin, uma palestina de Belém, contou: “Antes de conhecer o Movimento, eu estava preocupada com o meu futuro e o dos meus filhos. Sentia-me sozinha e sobrecarregada”. Ela não entendia por que teve de nascer bem naquele lugar. Depois um encontro lhe abriu os olhos e o coração, “com pessoas que me trataram como um ser humano, e isso mudou minha vida. No olhar delas eu vejo Jesus”. Ela diz que agora é feliz por ter nascido em Belém. “Aprendi que podemos mudar o mundo mudando primeiro a nós mesmos.”