Passos N.42, Agosto 2003

O milagre da hospitalidade

A acolhida e o compartilhar são as únicas modalidades de um relacionamento humanamente digno, porque, somente assim, a pessoa torna-se ela mesma, ou seja, entra em relação com o Infinito... É por isso que, ao acolher um pobre ou a pessoa mais amada, vive-se ultimamente a gratuidade.

Numa época dominada pela indiferença, que virou a lei das relações, e atravessada pela inimizade e a violência, ainda existem muitos exemplos de gratuidade entre os povos. Neste número de Passos, o leitor encontrará, entre outros, o tema da nova Constituição européia, com uma discussão crítica ao fato de ter abolido a herança religiosa desse importante documento, o lançamento do livro “Na Origem da Pretensão Cristã” no Rio de Janeiro e o tema da acolhida e da família. Acolhida vista como abraço e perdão do diferente, baseado nas colocações de padre Giussani em seu mais recente livro publicado na Itália (O milagre da hospitalidade, ed. Piemme, Milão 2003) e enriquecido pelo testemunho da experiência de algumas famílias que adotaram crianças e adolescentes.
Essa realidade da adoção e do compartilhar é difundida por uma associação italiana, denominada Associação Família para a Acolhida, a quem padre Luigi Giussani escreveu a seguinte carta:

“Queridos amigos,
O vosso exemplo me ilumina a estrada do futuro: uma familiaridade - ou fraternidade - que se abre em um abraço sem hesitação. Assim, vos convido a nunca deixarem de acolher, imitando o gesto de Cristo com as crianças que encontrava.
Se Ele, o Senhor, curvou-se sobre os mais pequeninos para mostrar o caminho aos grandes, vós que fazeis o mesmo tornam-se sinal de uma novidade que, como onda, se dilata de família em família, daquela mais próxima àquela mais distante, em um movimento que é o início de uma sociedade mais humana, porque é feita de pessoas apaixonadas pelo destino dos homens - vocês dariam a vida por um só deles! -, tendo conhecido o Fator que dá a vida e o respiro a cada coisa.
De tal forma que qualquer um que vos encontre sinta-se finalmente em casa, isto é, hospedado e seguro como uma criança nos braços do pai”.
Luigi Giussani