América Latina. Se a quarentena “soa” melhor

De sete países, conectados por WhatsApp e por Zoom. O que une esse grupo de universitários em sua grande paixão pela música. E uma nova amizade inesperada que nasce de uma pergunta: «Para Quem o fazemos?»

Este ano, devido à pandemia, tivemos a possibilidade de participar de vários encontros de universitários de toda a América Latina. Um deles consistiu num grupo que nos permitiu compartilhar a paixão que muitos temos pela música. Ao ver isso, fiquei tão comovido, que no dia seguinte comecei a propor a esses novos amigos fazermos um projeto juntos: Canción com todos.

No fundo, queria compartilhar com eles o que aprendi num dos encontros que tivemos no Chile, a tocar e cantar tendo-O como horizonte, ou seja, sempre com a pergunta: «para quem o fazemos?» A princípio tive medo de que ninguém respondesse, mas pouco a pouco muitos começaram a dar seu “sim” com uma disponibilidade que não para de me surpreender.

O primeiro a responder foi Alejandro, do Paraguai, a quem não conhecia. Mesmo assim, depois de várias conversas sobre a música, passamos a compartilhar muito mais do que esperávamos. Assim também, meus amigos Benjamín e Alejandra, do Chile, me surpreenderam ajudando-me a pensar nos arranjos, nas partituras e em todos os detalhes necessários para os outros poderem gravas. Tudo estava se encaminhando. Formou-se um grupo de WhatsApp com um coordenador de cada um dos sete países que aderiram à proposta. A diferença de idiomas não gerou impedimentos. Meu espanto crescia cada vez mais.



Em vários encontros que tivemos por Zoom, era impressionante a disponibilidade e o protagonismo que assumiam esses novos amigos. Em especial, Cecília, da Argentina, nos surpreendeu com suas ideias para as imagens do vídeo, com as quais quis mostrar de um jeito mais original a nossa experiência no Movimento e perante esta proposta. Os arranjos instrumentais também foram tomando forma a partir das ideias que cada um comentava nessas conversas. Não paramos em uma ideia, mas fomos construindo entre todos a partir do que tínhamos na frente, e eu confiava nisso. Desta maneira, a beleza do resultado foi inesperadamente maior do que tínhamos imaginado.

Durante dois meses nos encontramos quase todas as noites para editar juntos o áudio, um dos maiores presentes. Com Cecília, da Argentina, Alejandro e Joaquín, do Paraguai, começamos a compartilhar muito mais do que o nosso gosto pela música. Compartilhávamos sobre os amigos, a faculdade, as famílias, os casais e até todos os nossos dramas ou dores. Era impossível ficar com essa amizade só para nós, então começamos a convidar outros amigos para viver isto juntos.

Para a edição do vídeo, nós começamos a ter contato com Maximiliano, que desde o Paraguai cuidou de cada mínimo detalhe e, no final, ficou tão apaixonado por esta amizade quanto nós. Fizemos juntos um grande caminho que ninguém imaginou que pudesse fazer antes da pandemia. O que mais nos unia era o nosso desejo de entregar tudo a Ele, a quem nós cantávamos o Non nobis todas as noites.

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Pusemos todos os nossos talentos nas mãos d’Ele para que Ele fosse o “diretor” da canção, e assim tirou o melhor de cada um de nós. A quarentena se transformou, então, numa ocasião para que se desperte o nosso mais profundo desejo de viver. Termos descoberto que é possível viver assim, com tanta intensidade, impulsiona-nos a pedir que Ele esteja em todas as coisas que fazemos, não só nas que nos apaixonam, mas também nas que nos custam.

Harry, Santiago do Chile