Outras cartas sobre as férias
Diversos colegiais nos escreveram contando sobre a participação deles nas férias nacionais dos colegiais realizadas entre 19 e 22 de julho, em Brasília. Eis aqui os relatosO tema das férias foi o texto do Tríduo dos Colegiais, e a frase tema era: “É meu amigo um desconhecido, alguém que não conheço. Um desconhecido distante, distante. Por ele meu coração está cheio de saudades. Porque ele não está junto a mim. Talvez porque não exista de verdade? Quem és Tu que preenches o meu coração com a tua ausência? Que preenches toda a terra com a Tua ausência?” (Par Lagerkvist).
Nós nos mobilizarmos desde abril para essas Férias, tentando fazer o possível para que outras pessoas pudessem viver essa experiência. Criei uma expectativa tão grande, que acabei um pouco frustrado por não reconhecer aquilo que desejava logo no primeiro dia. Mas tive a satisfação de grandes amigas me levantarem e fazer de cada momento o mais marcante. Com isso tive a Graça de viver intensamente o restante dos dias, desafiando-me a tirar a máscara da timidez, seja nas relações pessoais, na trilha que foi uma aventura similar à vida, onde nos altos e baixos é preciso ser intenso e sair da minha zona de conforto, como no sarau onde li um poema. Comparo que assim como no testemunho sobre um menino de Brasília que se viu disposto a mudar, eu quis mudar aquela realidade em que me encontrei. E assim, percebi a Beleza nas coisas desde a natureza, no silêncio dos cantos e da trilha, até em pessoas que se mostraram amigas com quem posso contar e que contam comigo. Sendo mais concreto o fato de obter respostas a minha vida como o vazio que sempre vai existir e que preciso preencher através dessas pessoas.
Ulisses, Paulínia (SP)
Eu acho que não foi por acaso que juntaram a gente no meio do nada. Acho que foi por uma boa razão, foi para refletirmos sobre quem são nossos amigos, o que queremos para o nosso futuro e o que queremos com Deus, porque é Ele que nos dá força para levantar todas as manhãs e sermos quem somos e descobrir nosso lugar no mundo. Porque assim seremos mais felizes, na companhia de Deus. Eu acho que nós amadurecemos muito nestas férias. Querendo encontrar mais Deus, nós conhecemos mais nós mesmos, olhamos para nós (...). Eu quero me conhecer melhor e olhar ao meu redor, ver quem são as outras pessoas (...). Eu acho que nós podemos fazer a diferença no mundo mostrando quem somos. (...) Eu achava que amadurecer era ruim, pois teríamos responsabilidades, mas, nessas férias, vi que nos dá muita confiança (...), aprenderemos a ser felizes e amados como também amaremos a todos.
Maria Vitória, São Paulo (SP)
Em uma Escola de Comunidade, após ler o texto proposto, começamos a conversar sobre o vazio, o qual "nunca seria preenchido". Saí de lá intrigada com a afirmação: como assim NUNCA seria preenchido? Então fui falar com meu pai e ele me disse que durante a vida sempre esperamos por um momento onde esse vazio vai ser preenchido, o momento que seremos plenamente felizes (podendo ser este momento quando o emprego dos sonhos for conquistado, casar-se...) e quando percebemos que o vazio continua nesses momentos, percebemos que não devemos buscar um destino específico no qual a felicidade plena seria alcançada, mas que a felicidade está na própria caminhada. Lembrei-me disso quando fizemos uma caminhada na viagem. Uma caminhada da qual parecia não ter tido um destino propriamente dito, mas, sim, apenas uma volta. Fiz uma ligação com o que meu pai me ensinou: enquanto esperava chegar ao mirante não prestei a atenção devida aos detalhes da trilha e não me alegrei como deveria com eles, pois pensava que seria feliz quando atingisse o destino. E quando aparentemente não chegamos a lugar nenhum, percebi que devia ter aproveitado mais a caminhada. E assim é com a vida, que nada mais é que uma caminhada cheia de detalhes. Aprendi que a própria caminhada é o destino.
Esther Souto Santana, São Paulo (SP)
Quando me perguntam o que eu achei das férias dos colegiais, me veem muitas coisas em mente. Mas uma coisa que fica claro é a gratidão que sinto por ter passado esses dias com pessoas únicas e especiais que me fazem me sentir tão "eu", e olhar para o vazio do coração como uma qualidade, de sentir que existe alguém maior que me ama e ama meus amigos e mesmo com sua ausência me preenche. O momento é único e indescritível.
Filomena, São Paulo (SP)
Sou universitário e tenho 21 anos, e fui como responsável de uma turminha de 10 jovens colegiais para as férias. Eu cumpri a meta de ser responsável e espelho para os mais novos. E nessas férias eu fui simplesmente eu: o Lucas! Lucas que é curioso, amigo, questionador e jogador de bola. E nessas férias entendi o significado de viajar, e numa simples trilha que foi feita entendi que tenho que ficar focado nas pequenas coisas, e essas pequenas coisas têm um sentido. “Viajar com um sentido”. Outro ponto a citar foi uma frase que meu amigo Fratello disse: “Cristo está dentro das coisas. Não em volta, e sim dentro!”.
Lucas, Paulínia (SP)
Participar das férias foi muito bom, porque eu conheci muita gente interessante. Conheci pessoas de Brasília, Ceará, Rio de Janeiro, São Paulo, Paulínia. Foram todos importantes porque me fizeram companhia no futebol, na lavação de louça, na piscina e no sarau e me fizeram sentir que posso ser eu mesmo, sem máscaras. Estudar, conhecer e contar a história de um menino de Brasília que se converteu também foi bem legal, porque muitas pessoas vieram falar comigo, depois da apresentação, que não conheciam a vida dele. Entendi que quando a gente fala dessas coisas verdadeiras percebemos que Cristo está mais perto de nós.
Tomás Belga, Belo Horizonte (MG)
As férias nacional dos colegiais do Brasil foram quatro dias de muita emoção onde todos viemos com um único desejo: Preencher o vazio que existia em nosso coração! Foram momentos de muitas alegrias, choros, e muitas diversões. Tivemos muitos abraços e algumas rivalidades. Foram momentos de observar que à nossa volta há um mundo lindo que não é somente aqueles prédios todos que temos ao nosso redor na cidade. Que Deus faz tudo maravilhoso como tem que ser e que Ele age no seu tempo, não no nosso. Mas, com tudo isso, eu vou embora com uma pergunta: será que todos, assim como eu, conseguiram conhecer aquele “alguém” que preenche nosso coração com a sua ausência ou isso só ficou como o tema das nossas férias? Será que alguém conseguiu sentir seu coração preenchido por um “alguém desconhecido” ou só ficou no desejo? O importante é saber que nossas férias não começaram no dia 19, elas começaram lá atrás, quando juntos planejamos uma forma de estar aqui! E elas não acabaram no dia 22, essas férias ficarão guardadas de uma certa forma no coração de cada um que dela participou direta ou indiretamente. Que fique conosco o desejo de querer conhecer ainda mais esse alguém ausente que nos preenche de uma forma tão presente...
Milena Chaves, Paulínia (SP)