(Foto: Mariana Gomes)

Caritativa. Um amor que regenera

Três testemunhos de um gesto simples e profundo de companhia, compartilhando experiências e dialogando com ex-moradores de rua num momento de caritativa do Rio de Janeiro. Da Passos de jan/fev

Desde 2018 é realizada uma caritativa no convento das Irmãs da Congregação das Missionárias da Caridade de Santa Madre Teresa de Calcutá no bairro da Lapa, no Rio de Janeiro. Consiste em ir ao convento, uma vez por mês, onde são acolhidos ex-moradores de rua, e passar uma hora junto com eles compartilhando experiências e dialogando. Um gesto simples e profundo de companhia. A seguir, são apresentados três testemunhos sobre esta ação.

Numa Quarta-Feira de Cinzas, em Peregrinação ao Santuário de Nossa Senhora da Penha, disposto a seguir, confiando nas indicações do Movimento em preparação da Páscoa, procurei o Andrea, amigo de referência na organização do gesto da caritativa. Ficamos dois anos visitando os assistidos, dialogando, conhecendo suas histórias e os relatos agradecidos de como foram resgatados do nada, com tão grande amor e cuidados oferecidos a eles pela obra missionária. A pandemia nos afastou fisicamente, devido às restrições sanitárias, mas experimentamos o maravilhamento do que o Senhor pode fazer a partir do nosso sim: unidos aos amigos, fomos chamados a responder a algumas necessidades urgentes do Convento, como a compra de embalagens de quentinhas para o oferecimento das refeições. Hoje, surpreendo-me na minha Fraternidade ou Escola de Comunidade quando sou chamado a testemunhar o valor desta Caritativa; quando outrora apenas ouvia os convites para participar do gesto, agora sou considerado corresponsável, apenas por viver o gesto; e assim sinalizo que é uma graça recebida pelo seguimento do Carisma: observando a realidade dos irmãos assistidos que haviam perdido tudo na vida, encontraram o imprescindível, o amor de Cristo e este amor é o Algo que é, unicamente, necessário para a vida deles e para a nossa.
Victor

Logo após a minha ordenação diaconal, busquei me reintegrar a todos os aspectos da vida do Movimento. Neste sentido, procurei o Andrea e o Victor e pedi para participar com eles da caritativa junto às Irmãs. No início, durante a pandemia, arrecadávamos fundos para as necessidades mais urgentes da casa de acolhidos. Era uma provocação para confiarmos na Providência como elas fazem. Os resultados sempre nos maravilhavam! Agora voltamos às visitas. Eu nunca havia participado e fui junto com os meus novos amigos. Mas para mim, pelo meu temperamento, é sempre uma iniciativa difícil. Foi surpreendente encontrar aqueles homens – os ex-moradores de rua – rezando o terço da misericórdia tão fervorosamente. O Senhor sempre nos surpreende! No primeiro dia eu estava me sentindo bastante deslocado e foi um dos internos que “me acompanhou”! Acho que eu acabei sendo a “caritativa” para ele naquele dia. Continua não sendo fácil, mas vou aprendendo a me deixar “dobrar” pelo Senhor e me abrir um pouco mais ao outro. Na fidelidade ao gesto, junto dos amigos que ali me sustentam, o Senhor vai revelando quem eu sou.
Diácono Etienne

Participo desde o início desta caritativa e durante o período de Natal de 2022, a partir de um convite da Madre Superiora, fui acompanhar as Irmãs no encontro com os moradores de rua, bem como servir no almoço de Natal feito para eles no convento. Ambas as experiências foram novas na minha vida. Posso dizer que foram momentos de oração, com o Senhor presente na simplicidade dos gestos, nos pedidos dos moradores de rua, nos sofrimentos das pessoas encontradas e na partilha do alimento. O que mais me chamou a atenção é o amor das Irmãs aos moradores de rua, enquanto elas olham a humanidade e o valor de cada um. Um amor, enraizado em Cristo, que acolhe e regenera a vida. O mesmo amor que eu preciso para viver.
Andrea