Fórum dos jovens. «Para que o fogo não vire cinzas»
Três dias de trabalhos e encontros para 250 jovens do mundo todo para o primeiro “passo” depois da aventura do Sínodo, entre palavras como “missão” e “sinodalidade”. Mas o que significam realmente? E que significa que o primeiro testemunho é «viver»?Sinodalidade e missão. Estas me parecem as palavras-chave que melhor descrevem os conteúdos manifestados durante o Fórum Internacional dos Jovens, do qual participei como delegado de Comunhão e Libertação. Três dias de encontro para entender quais frutos já foram produzidos pelo processo sinodal e qual estrada nos espera para o caminho futuro. Como ressaltou um amigo durante uma mesa de trabalho, periga o Sínodo ser «vivido como um evento no calendário», algo passado, uma página virada. Então quais são os ensinamentos que podemos absorver? E de que modo nos interpelam?
Durante o Angelus de 28 de outubro de 2018, Francisco já tinha evidenciado que «as primícias desta Assembleia sinodal deveriam estar precisamente no exemplo de um método que se procurou seguir [...]. Um estilo sinodal que não tem como objetivo principal a redação de um documento» mas «que se difunda um modo de ser e trabalhar juntos, jovens e idosos, na escuta e no discernimento, para chegar a opções pastorais correspondentes à realidade». Muitas vezes, nestes últimos anos, ouviu-se falar de sinodalidade. Acolheu-se essa palavra como algo estranho, às vezes incômodo. Mas o que significa realmente? Por que tanta insistência nesse termo?
No primeiro dia de Fórum, um jovem auditor do Sínodo, Gioele, explicou que «o estilo sinodal tem a ver com a experiência concreta», de tal modo que o viveu também «nos momentos informais, na oração e no silêncio». E, efetivamente, para mim também não foi difícil reconhecer o que é esse “estilo” assim que começou o Fórum. Não estamos falando de um complexo processo estrutural, mas de uma postural de algum modo já presente na simplicidade da própria experiência cristã e de Igreja: a fé vive na carnalidade de uma comunidade; e, entre as brigas, a indiferença e o caminhar juntos, a terceira atitude é aquela para a qual mais naturalmente uma pessoa tende.
Percebi isso em diversos momentos durante o Fórum, escutando algumas falas. Alguns contaram de realidades que, graças ao Sínodo, se deixaram interpelar internamente e começaram a «sair das terminologias que normalmente massacram» e que «nos tornam incompreensíveis»; outros contaram de terem sido movidos a «entender juntos em que deviam depositar a própria segurança», fazendo «o esforço de não fazer uma leitura sociológica, mas de descobrir o que o espírito do tempo manifesta». Para outros ainda, graças às solicitações do Sínodo, está-se conseguindo dar um nome a alguns problemas, as razões de uma distância» – a que existe entre a Igreja e os jovens – muitas vezes causada por uma «tendência ao julgamento». De fato, muitos exemplos mostram que ser sinodal não é mais que ser comunidade, deixar-se tocar pelo que acontece, e andar juntos para compreender os passos que os desafios de hoje requerem.
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Outro forte chamado, vindo à tona espontaneamente durante o Fórum, foi à missão e ao testemunho. Não como proselitismo, mas como uma motivação natural a sermos companheiros para quem quer que encontremos. Pude sentir isso em algumas conversas com gente que, discretamente, soube começar um caminho novo junto com pessoas que «sempre se sentiram só julgadas pela Igreja». E o fez simplesmente escutando-as, estimando-as. Como diz a mensagem conclusiva do encontro, «nossa missão está enraizada na certeza de sermos infinitamente amados. É a partir desse amor que podemos ir além, vivendo as nossas vidas para os outros». Temos então a possibilidade de encarnar o olhar que recebemos, fazê-lo nosso, e doá-lo, talvez discretamente, a quem nunca o conheceu. Não porque o que temos entre as mãos seja superior à experiência dos demais – se pensarmos assim, talvez não interesse mais a ninguém –, mas porque nos leva a afirmar o outro, sem nenhuma precondição. Não foi à toa que, durante a audiência com os participantes, Francisco lembrou que «para não se extinguir, o fogo deve expandir-se; para não se tornar cinza, deve propagar-se. Portanto, alimentai e propagai o fogo de Cristo que está em vós!».
Se a intenção do Fórum era compreender qual é o percurso de atuação do Sínodo, ficou claro que cada um de nós é protagonista dele. É uma “conversão pastoral” o que é pedido, e diante desse processo os jovens «ou são protagonistas ou nada não», disse o Papa. O processo iniciado é longo, mas não se moverá sozinho. Francisco nos chama a uma corresponsabilidade, um a um, sem diretrizes do alto, mas convidando-nos a partir da nossa própria experiência. Como me sugeriu um colega de trabalho, «talvez o primeiro passo seja a participação com a nossa vida, se somos os primeiros a viver a vida de fé».